terça-feira, 24 de novembro de 2009

Abelhas africanizadas X abelhas nativas.

Amigos!

A chamada abelha africanizada,é um híbrido,nasceu do cruzamento entre várias raças.

As raças que participaram desse cruzamento,foram:as abelhas européias(Apis mellifera mellifera,Apis mellifera lingustica,Apis mellifera caucasita e Apis mellifera carnica)com as abelhas africanas Apis mellifera scutellata.

Foram trazidas algumas rainhas de abelhas africanas puras,para o Brasil(com o intúito de melhorar a produtividade das nossas abelhas)em,1956.Essas abelhas foram introduzidas no estado de São Paulo,para pesquisas e cruzamentos.Acidentalmente,algumas dessas abelhas foram soltas,e se espalharam em todas as direções.

Por serem muito rústicas,e terem alta capacidade de enxameação,(migração de abelhas que pode ser parcial,com parte das abelhas e a rainha,formando assim uma nova colméia;ou total com todas as abelhas abandonando a colméia)essas abelhas chegaram a todos os estados brasileiros e vários países,como:Argentina,Uruguai,Costa Rica,México entre outros.

Na década de 70,meu pai viu pela 1ª vez uma colméia dessas abelhas,em nosso sítio no município de São João do Cariri,PB.Como ninguém,por aqui sabia nada dessas abelhas aconteceram vários acidentes com pessoas e animais.

No sítio do meu avô,aconteceu um acidente com um cavalo.Um rapaz,que trabalhava conosco,amarrou o animal em uma árvore que tinha um enxame e ele não viu.Com os movimentos do cavalo,que puxava a corda para se alimentar,as abelhas foram para cima do animal.
Quando o rapaz avistou o animal completamente coberto pela abelhas,e se debatendo,ele correu para tentar soltá-lo,mais também foi atacado por muitas abelhas e,não aguentou,teve que correr para a mata,deixando o animal sem defesa.O rapaz parou longe e ficou observando,as abelhas matarem o cavalo,sem poder fazer nada.
Fatos como esse,fizeram com que algumas pessoas tivessem aversão as abelhas africanizadas.

É claro que as abelhas africanizadas são ótimas produtoras de mel;fazendo com que a apicultura seja considerada um bom negócio,além de contribuir para a preservação das matas nativas,tão ameaçadas pelas queimadas,desmatamento e a desertificação,etc.

A apicultura e a meliponicultura são ótimas alternativas de sustentabilidade para as áreas do semiárido nordestino,pois não necessitam de grandes investimentos,e ajudam a melhorar a renda do homem do campo,dando mais dignidade e visão de futuro.

Uma coisa que eu já observei é que, existem colméias dessas abelhas muito agressivas e outras até consideradas "mansas".Os pesquisadores deveriam selecionar rainhas dessas colméias mais mansas,reproduzi-las,e distribuir com os apicultores, com o objetivo de melhorar o manejo desses indivíduos.

Eu acho que,com a introdução das africanizadas em nossa região,as abelhas nativas estão tendo problemas para conseguir moradia.
Como já foi dito as africanizadas se reproduzem muito rápido,e teem o hábito de enxameação,por isso estão sempre à procura de novos ocos para construírem seus ninhos.

Eu também percebo que as abelhas nativas, não ocupam mais os grandes ocos,como por exemplo os troncos de umburana e de umbuzeiro,elas sempre estão nos galhos ,que possuem ocos menores.Os grandes troncos já estão ocupados pelas africanizadas.



A quantidade de colónias naturais,de abelhas nativas,vem diminuindo drasticamente,pelo menos aqui em minha região,algumas espécies já se encontram em extinção.

Possivelmente,essa diminuição no número de colónias de abelhas nativas seja causada pela degradação do nosso semiárido;mas,também pode ser devido à competição com as africanizadas por alimento e,principalmente por moradia.

Na minha modesta opinião uma das saídas para se evitar a extinção das abelhas nativas é a sua criação racional,com o uso de técnicas de manejo mais avançadas e o incentivo aos pequenos meliponicultores por parte dos órgãos oficiais,com o repasse das tecnologias existentes e a profissionalização do setor.

Sinceramente eu espero ainda ver,as nossas abelhas nativas de volta ao seu habitat natural,convivendo em harmonia com todas as espécies animais e plantas.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poesia sobre meliponicultura no nordeste brasileiro.

O amigo Joaquim Pífano, apicultor de Portugal, em visita ao meu blog me propôs um desafio: fazer uma poesia falando da meliponicultura no Nordeste Brasileiro. Mesmo sem ser poeta, aceitei o desafio e aqui está o resultado!

A Meliponicultura no Nordeste Brasileiro
Autor:Paulo Romero.

Meu amigo Joaquim, de Portugal
Apicultor experiente e respeitado
Me fez um desafio sem igual
Falar da Meliponicultura em meu estado

As abelhas nativas do nordeste
São fortes e se adaptam muito bem
E o homem por ser cabra da peste
Sabe dar o valor que ela tem

Manduri, Canudo e Jandaíra
Hoje é mais difícil de encontrar
Jataí, Mosquito e a Cupira
Só encontro muito Arapuá

No nordeste a criação racional
De abelhas nativas tá crescendo
Pois o homem já viu o potencial
Precisa preservar e está fazendo

Lá do mato a abelha vem num toco
Pra poder ser transferido para a caixa
Mesmo o mel produzido ali é pouco
De meio litro a um litro, é nessa faixa

Pra transferir as abelhas para a caixa
Você tem que ter muito cuidado
Pois os discos de cria que se encaixa
Não devem ser por você machucado

Uma vez a transferência já completa
Faça um reforço alimentar
Pois o sucesso é sua meta
E é isso que você vai alcançar

Quando a colônia estiver bastante forte
É a hora de fazer a divisão
E se você tiver cuidado e sorte
Só irá aumentar a criação

Pra retirar o mel tenha cuidado
Uma seringa é bom você usar
Higiene sempre é recomendado
Pra que o mel não venha a fermentar

Esse alimento é fonte de energia
Conhecido por ser medicinal
É por isso que todo mundo deveria
Consumir esse néctar natural

Amigo, preserve a natureza
Não destrua o seu meio-ambiente
Pois isso é sua maior riqueza
Aprenda a preservar daqui pra frente

Aveloz, marmeleiro e catingueira
Fazem parte da paisagem do sertão
Umburana, umbuzeiro e quixabeira
O pereiro, juazeiro e o pinhão

A meliponicultura tem ajudado
Na preservação ambiental
Pois o meliponicultor tem evitado
De cortar a mata natural

Criem abelhas, faz bem pra todos nós
É o que eu sempre vou dizer
Mesmo que eu seja uma só voz
É isso que eu sempre irei fazer

Me desculpe se a rima não prestou
Mas foi feita com muita dedicação
Atendendo a um pedido hoje estou
Dando uma de poeta do Sertão

Meu amigo Joaquim, aquele abraço
Muita sorte na sua criação
Por aqui vou seguindo passo-a-passo
Esse ofício que escolhi por profissão

Um abraço.

Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

TRANSFERÊNCIA DE ABELHAS DO TRONCO PARA AS CAIXAS RACIONAIS




O primeiro passo:localize a colónia na natureza.Após localizá-las ,você deve agir com muito cuidado e sem pressa.

Para transferir a colónia para o meliponário,o melhor horário é depois das 17:30hrs.pois as abelhas campeiras já estarão se recolhendo.

TRANSFERINDO A COLÓNIA PARA O MELIPONÁRIO

Eu,particularmente,costumo ir ao local com antecedência,levar um serrote e serrar o galho,após serrá-lo,eu o deixo no mesmo lugar amarrado com um arame.Eu faço isso para diminuir o estresse das abelhas;com o corte e transporte na mesma hora.

No dia escolhido para trazer o galho para o meliponário,após checar se as abelhas estão recolhidas,você deve fechar a entrada da colónia com um bolinho de papel ou folhinha de árvore,para que não saiam abelhas.

De preferência,traga o galho no ombro,para evitar os solavancos característicos do carrinho de mão.Esses solavancos podem romper os potes de mel,de polén,danificar os discos de crias,o que pode ser fatal para toda a colônia.

Ao chegar ao meliponário com o galho,pendure-o no local onde vai ficar a caixa racionalcom a nova colónia e tire o papelzinho da boca de entrada.

Eu costumo deixar a colónia natural nesse local por,pelo menos um mês antes de fazer a transferência para as caixas racionais.Isso faz com que as abelhas se acostumem com o novo ambiente que irão viver.

A PREPARAÇÃO DAS CAIXAS RACIONAIS

Dependendo do tipo de abelha nativa que você for criar,compre ou construa a caixa racional recomendada para essa espécie.
Antes de começar a transferência das abelhas para a caixa escolhida,passe um pouco de cera de abelha na parte interna da caixa(você também pode passar folhas de "capim santo"/capim cidreira),também passe um pouco de cera na entrada da caixa para que as abelhas identifiquem ,e se acostumem com a nova moradia.

MATERIAIS UTILIZADOS PARA AUXILIAR NA TRANSFERÊNCIA

-Machado,
-Serrote ou serra circular,
-Faca de mesa,
-Martelo,
-Cunhas de madeira ou ferro,
-Sugador de abelha,
-Colher,
-Fita crepe,
-Vasilhame para colocar o mel dos potes que se romperem,
-Caixa racional.

COMO ABRIR O TRONCO

Dependendo do tipo de madeira,o galho se racha facilmente.Usando o machado,o serrote ou a serra circular,começe a abrir o galho com muito cuidado e calma.
Após começar a abrir uma fresta,vá batendo as cunhas ,com cuidado.De preferência vá abrindo dos dois lados ao mesmo tempo,até chegar ao meio.
Quando for levantar as partes do galho,tenha cuidado para não danificar os discos de cria.Após aberto,volte a sua atenção para a rainha e os discos de cria

Vá soltando os discos de cria com muito cuidado,utilizando a faca de mesa,sem danificá-los.Coloque-os na caixa ,na mesma posição em que estavam no galho.

Os discos de cria possuem pilares,que se forem destruídos,devem ser refeitos com cera da própria abelha,para que as abelhas nascentes tenham espaço para se movimentarem entre os discos.

Localize a rainha,que geralmente está próximo aos discos de cria.Com a ajuda de uma colher , uma folha de árvore ou um papel,pegue-a e coloque-a na caixa.

OBS.:Não pegue a rainha com a sua mão, pois,pode deixar cheiro nela e as abelhas poderão rejeitá-la.

Se os potes de alimento estiverem rompidos ,não coloque-os na caixa,pois,o alimento derramado pode atrair formigas,apis,forídeos,etc.

Utilizando o sugador de abelhas,pegue o maior número de abelhas possível,principalmente,as abelhas jovens que ainda não voam e,coloque na caixa.

Use a fita crepe para lacrar a caixa,tapando todas as frestas que tiver ,isso faz as abelhas se sentirem mais protegidas.

Terminada a transferência para a caixa racional,coloque-a no mesmo local onde estava a colónia natural,na mesma altura e com a boca voltada para o mesmo lado,que esta a boca da colónia natural.

ALIMENTANDO A NOVA COLÓNIA

Para ajudar no fortalecimento da nova colónia,você deve fornecer alimento artificial para as abelhas.

Essa alimentação só é fornecida,um dia após a transferência,para que as abelhas possam se organizar melhor,podendo assim defender a colónia de possíveis saques
.
Existem algumas formas de se preparar esse alimento energético,eu vou falar de duas,que eu gosto muito:xarope,é feito com água,capim santo,folhas de laranjeira,açúcar e mel de apis;e pasta candi,que é feita com açúcar e mel de ápis.

Xarope:junte todos os ingredientes em uma vasilha limpa e leva ao fogo,essa mistura deve ser bem fervida,coada e oferecida às abelhas em alimentadores próprios para isso.Existem meliponicultores que utilizam alimentadores de pássaros,copinhos,algodão molhado com essa solução,etc.

Eu gosto de alimentadores externos,pois,posso acompanhar a forma como as abelhas utilizam o alimento,e não preciso ficar abrindo a caixa direto.

Pasta candi:Essa pasta é feita usando-se duas partes de açúcar de confeiteiro e uma parte de mel de apis.Leve ao fogo para homogeneizar e,após esfriar,deve ser servido às abelhas.

As abelhas nativas também precisam de alimentação protéica,e isso pode ser resolvido,oferecendo pólen de ápis,misturado com mel,formando uma "massa"e "mergulhando na cera de Apis derretida",formando bolas e servindo às abelhas.

Um abraço.

Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.