domingo, 20 de setembro de 2009

O amanheçer,no cariri paraibano.



(Foto tirada por Paulo Romero,em São João do cariri,PB.em junho de 2009)

Como é costume no interior,quando eu estou no cariri paraibano,acordo bem cedo e vou para o curral,tomar leite,antes de começar algum trabalho.

Uma das minhas atividades preferidas,é observar o trabalho das abelhas nativas.Eu acho muito interessante ver,que as abelhas teem preferências por algumas flores,ou seja,nem sempre uma planta cheia de flores atrai as abelhas,algumas espécies são seletistas,isto é ,visitam mais determinadas flores e outras menos.

Em determinadas árvores,as abelhas chegam a fazer um barulho muito grande,com o seu "zumbido" característico,devido ao interesse por essas flores.Por exemplo:a algaroba é visitada por todas as espécies de abelhas nativas existentes em minha região;assim como a acerola,a leucena,a catingueira,etc.estou sempre vendo as jandairas visitando as suas flores.

Para se ver o movimento das abelhas nativas em suas colónias ,devemos prestar atenção aos horários.Os melhores horários são:de manhã cedo e depois das 17:00 (dezessete horas) pois,nesses horários o movimento de entra- e- sai ,das abelhas é muito grande
É claro que elas podem ser observadas em outros horários,mas quando o sol está muito quente ,elas diminuem o movimento,dificultando a sua observação.E existem abelhas que simplesmente não trabalham com o sol quente.

Uma boa maneira de se observar as abelhas nativas,é ficar próximo de alguma fonte de água,pois,elas estão sempre por perto,pegando barro e água;e levando para a suas colônias.

Existe um fato muito interessante:se você for um bom observador,poderá localizar alguns ninhos naturais, através da observação da direção em que as abelhas estão indo,após saírem da água.

É simples,veja a direção em que determinada espécie de abelhas está se dirigindo,siga nessa direção,procurando por árvores de grande porte.Encontrando alguma dessas árvores,na mesma direção em que as abelhas voavam,observe os galhos,o tronco,com calma e cuidado,se você perceber alguma abelha voando por ali,já é um indício de colónia natural.

Se não localizar nada,olhe em outras árvores por perto.Mas,se encontrar a colónia,tenha todo cuidado e zelo possível;afinal,elas estão em suas casas e não devem ser maltratadas,por nós em vez disso,elas devem ser preservadas.

Um abraço.

Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

Árvores da caatinga.


(Foto tirada por Paulo Romero em maio de 2009,em São João do cariri,PB, FLORA DA CAATINGA (EM DESTAQUE O TRONCO DE UM ANJICO)E AS PLANTAS DE PEQUENO PORTE;AO FUNDO,ALGAROBAS,JUREMAS,CATINGUEIRAS,MARMELEIROS,ETC.

A abelha cupira(Partamona seridoensis).



Foto tirada por Paulo Romero,em São João do Cariri,PB.
(Observe as abelhas na entrada de sua morada natural:um cupinzeiro)

CRIAÇÃO DE ABELHA CUPIRA


Fazem alguns anos,que eu crio a abelha cupira(partamona seridoensis),em caixas racionais,e estou muito intusiasmado com os resultados obtidos,nesses anos.Elas quase não saõ estudadas,pelos"doutores",apenas existem algumas referências,que muitas vezes,são falhas,pois eu mesmo posso provar que,muitas observações,que são feitas à respeito dessa espécie,não correspondem a verdade...

Para quem não conhece,essa abelha contrói seus ninhos em cupinzeiros ativos ou não,e tem um mel fino e muito apreciado por seus usos na medicina popular,sua cera(cerume)é bem mais dura que a da jandaira,e elas são bem defensivas(bravas).


Por construir seu ninho no cupinzeiro de barro(Temriteiros/Morada de cupins)o tipo de caixa usada para esse tipo de abelha tem que ter uma expessura da madeira um pouco maior;para se aproximar da temperatura do interior do cupinzeiro,que se mantém constante,não importando a temperatura ambiente,faça chuva ou faça sol a temperatura no interior do cupinzeiro se mantém estável.

As madeiras que eu uso para construir as caixas racionais são o pinho ou o louro,por serem fáceis de trabalhar,e as abelhas aceitam muito bem (o pinho tem que está muito bem seco,para diminuir o seu cheiro forte e não criar mofo).


Algumas vezes,quando eu encontro uma umburana seca,e que dá para fazer tábuas com certeza eu uso,pois,é uma madeira ótima e as abelhas já aprovaram esse tipo de casa,por ser a mais usada por elas(claro que a cupira não faz seu ninho na umburana);como já foi dito ela constrói seu ninho exclusivamente no cupinzeiro;quem aprovou a "morada"foram as outras abelhas,inclusive a africanizada (apis mellifera).


"Eu tenho lido em alguns sites,que meliponicultores usam a umburana para construir as caixas para abelhas nativas.Temos que ter cuidado com esse tipo de informação,pois como toda árvore nativa,a umburana é protegida por lei.E,portanto,só pode ser usada se já estiver seca na natureza,pois quando elas estão muito velhas ,secam e aí sim,podem ser utilizadas sem problemas.


A abelha cupira produz pouco mel,em média um litro,dependendo das floração,mas seu mel é considerado um dos mais medicinais,sendo muito procurado,em todo o interior da minha Paraíba.

Eu tenho muito interesse nela principalmente pelo desafio de dominar as técnicas de manejo,e também para evitar a sua extinção,pois com os métodos de colheita do mel usados na minha região as abelhas estão ameaçadas.Como acontece na maioria dos lugares,quando se encontra uma cupira(não interessa em que época do ano),o cupinzeiro é quebrado,para tirar o mel,(que muitas vezes é quase nada,devido a época não ser propícia para coleta de mel).Ou seja,a "cupira" teve o seu ninho destruído pra nada.


E isso acontece com frequência ,a maioria das pessoas não se preocupam com os danos que estão causando as abelhas,destruindo seus ninhos,matando seus filhos e as próprias abelhas,que morrem quando o cupinzeiro está sendo quebrado a machadadas.

Eu começei a minha criação de cupiras,quase por acaso,pois um cupinzeiro foi quebrado(ele estava em uma cerca que foi reformada)e nele havia uma cupira,então não tive dúvidas:peguei a caixa e coloquei as crias lá dentro,organizei tudo e não é que deu certo.

Claro que quando eu perguntava,aos meliponicultores experientes,se a cupira poderia ser criada em caixas racionais,a resposta era sempre a mesma:não.
E eu ficava,só pensando comigo mesmo,grandes meliponicultores,nem sabem que eu já as crio faz algum tempo,e tudo está dando certo.

CAIXA PARA ABELHA CUPIRA(partamona seridoensis)



Um dos principais problemas enfrentados por todas as pessoas ,com quem eu já troquei experiências ,é o tipo de caixa que a cupiradeve ser transferida,pois vários modelos já foram usados;paresse que deu tudo certo,as abelhas trabalham normalmente,chegam a passar até um ano na nova moradia,mas de repente,sem nenhum motivo aparente elas simplesmente abandonam a caixa .



Com certeza a espessura da madeira utilizada para fazer a caixa,interfere na adaptação da abelhas.Eu estou fazendo experiências com alguns modelos de caixas diferentes.





Em breve estarei fazendo mais postagens á respeito dessa abelha tão adorável,e tão querida por mim.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
Joaõ Pessoa,PB.

A abelha jandaíra(melípona subnitida)


A abelha jandaira (mellipona subnitida)produz um mel muito apreciado e procurado,por todo o nordeste brasileiro.Pois,o mel produzido por ela é muito saboroso,puro,e é considerado medicinal pela população do interior nordestino.
Esse é um dos muitos motivos pelo qual ela vem sendo,cada vez mais criada racionalmente.

Em são João do cariri (interior da Paraíba)ela não é chamada de jandaira,mas sim,de "uruçu".Por aqui,um litro de mel de "uruçu" é vendido por R$100,00(cem reais)esse sem dúvidas é o mel mais valorizado da nossa região.

Essa valorização do mel de jandaira,tem o seu lado negativo,pois,com esse preço os meleiros(como são chamados os homens que vivem nas matas procurando e tirando mel,sem nenhuma técnica racional)caçam e destróem os ninhos dessa e de outras espécies de abelhas nativas do semiárido.

O meu principal interesse nessa abelha,além de consumir um mel de qualidade,é a sua preservação,e a garantia que a espécie irá permaneçer salva da ameaça constante,das queimadas e derrubada das matas nativas.


Essa abelha nativa,se adaptou muito bem a criação racional,e já vem sendo criada em diversos estados do país.Essa tradição,vem desde os primeiros habitantes dessa região,e esse costume foi herdado dos índios "cariris",que habitavam toda essa região.
Na foto acima,pode-se ver a entrada de uma colónia de jandaira,em um galho de imburana,em nosso sítio.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

Época de chuvas no semiárido paraibano.

(Foto tirada por Paulo Romero,em julho de 2009,em São João do Cariri,Pb.)



Mais uma vez,eu pretendo passar para a tela do computador ,um pouco das experiências que estou acumulando ao longo do tempo.Pois sou nascido e criado no semiárido paraibano,e sou um bom observador das coisas que acontessem ao meu redor e um apaixonado pela caatinga.

Hoje pretendo falar um pouco da relação existente entre as abelhas nativas e as plantas da caatinga.

 
Muiotas pessoas nunca tiveram contato com as plantas do semi-árido,mas com certeza já ouviram falar,pelo menos na escola.

Esse ano,foi um ano atípico com relação as chuvas,que caíram com abundância no cariri paraibano,pois ainda se pode ver a maioria das plantas verdes embora estejamos no final de setembro.

Com certeza as abelhas vão produzir bastante mel,tanto as nativas,como as africanizadas ,pois as plantas estiveram verdes por quase nove meses esse ano,coisa rara por aqui.Plantas verdes,água boa e em abundância é o que as abelhas mais precisam para produzir mel com as flores nativas da nossa região .

Dentr as espécies de plantas mais visitadas pelas abelhas posso citar:catingueira,moróró,pereiro,craibeira,marmeleiro,quixabeira,umbuzeiro,juazeiro,anjico,umburana,xique-xique,mandacaru,facheiro,malva,aroeira,baraúna,jurema,maniçoba,amarra-cachorro,lava prato,favela;dentre tantas outras,algumas delas tidas como medicinais pelos caririzeiros.


Como não se usa agrotóxicos nas produções agrícolas em nossa região e as matas não tem poluição, o mel produzido por essas abelhas é,sem dúvida, de ótima qualidade,puro,medicinal ,o que prova que ,não desmatar é um bom negócio.

Preservando o meio ambiente o homem só tem a ganhar,pense nisso antes de cortar um árvore,pois amanhã  pode ser tarde demais.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.