segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Visita à criadores de uruçu. nordestina.


Nada melhor que passar o final de semana em meio as abelhas nativas,e,obviamente batendo um bom papo com os amigos meliponicultores.

No dia 13,do mês passado,eu fui visitar,e conhecer,mais um meliponicultor(o Léo Pinho,criador de uruçu,em Igarassu,PE)

O meu amigo Tadeu Leite,sempre me falava que nós precisávamos visitar outros meliponicultores,para trocar experiências e conhecer novas técnicas de criação.

Após uma conversa,eu entrei em contato com o Léo,querendo saber da possibilidade de nós írmos conhecer seu meliponário...,pra surpresa minha,pois estava muito "em cima da hora",...ele me disse que seria um prazer,e que só dependia de nós,o dia e a hora...,já marcamos para o outro dia.

Ao comentar com meu sobrinho(Lucas),ele me disse da vontade de também ir comigo,nessa viagem.

Saimos no sábado de manhã,eu,Lucas e Tadeu,com destino à Igarassu.

Léu,me passou todas as informações necessárias para chegármos a sua chácara...,ele me passou um verdadeiro mapa,rsrs.

Como a chácara de Léo ficava próxima a de Chagas(na realidade,um pouco depois),resolvemos fazer uma visita ao mestre das uruçus nordestinas(melípona scutellaris).

Chegamos ao restaurante,que fica próximo ao seu meliponário,e Tadeu perguntou se Chagas estava por ali,ou se estava na serra do araripe(PE),onde tem uma propreidade rural e se dedica as pesquisas com uma espécie de abelha muito rara(a uruçu da terra)...,pra surpresa nossa,o rapaz do restaurante nos disse que Chagas estava em seu meliponário,que fica por trás do restaurante.

Nos encontramos com um funcionário e amigo do Chagas,e ele nos recebeu muito bem,afinal Tadeu adquiriu suas colônias matrizes do Próprio Chagas,e por isso,sempre fazia visitas,até tornár-se amigo das pessoas dali.

O rapaz,nos levou até o meliponário,onde encontramos Chagas e outro funcionário prontos para fazer algumas divisões.

Uma coisa que me chamou atenção,foi a simplicidade de Chagas e a alegria,que nos
recebeu,após Tadeu apresentar à mim e à meu sobrinho,o mestre quis saber das minhas experiências com abelhas nativas,então lhe falei das jandaíras,cupiras,moças brancas,urucus...,ele me incentivou a continuar com minha criação...,inclusive aumentando o número de caixas...,mas ele deu atenção especial à meu sobrinho,pois disse que só assim,com novos meliponicultores,poderemos garantir o futuro das abelhas nativas.

E assim,meu sobrinho teve o privilégio de receber uma aula particular do maior criador de uruçu nordestina(melipona scutellaris),e um dos mais respeitados meliponicultores do Brasil,Francisco das Chagas.


Um dos meliponários de Chagas(Igarassú,PE).

Realmente, é impressionante a simplicidade e a forma apaixonada como o Chagas fala das abelhas nativas,que sirva de exemplo para a nova geração de meliponicultores.


Eu,de chapéu e Chagas.

Passamos uma boa parte da manhã,na companhia prazeirosa do Chagas...,mas nos despidimos e continuamos nossa viagem,até a chácara do Léo.

Após alguns minutos,chegamos à belíssima chácara do Léo,(como demoramos lá em Chagas,Léo já estava pensando nós teríamos nos perdido).

Fomos recebidos de forma calorosa,pelo Léo e por sua mãe...,e já fomos olhar algumas abelhas que estavam próximas da casa..,uma jandaíra e uma mandaçaia,que ele recebeu de presente de um amigo...,além de um mosquito(plebeia).

Léo nos chamou para conhecer seu meliponário,que fica em meio a uma mata muito preservada e linda...,fomos caminhando por entre árvores de médio e grande porte...,e comentando que naquela mata,ele terá muito sucesso na sua criação de uruçus...,o ambiente é fabuloso.


Meliponário de Léo.

Aproveitamos,que estávamos na meliponário e fizemos algumas revisões,fizemos perguntas uns aos outros,com relação ao manejo com as abelhas,alimentação,defesa contra os forídeos,tipos de caixas utilizadas e planos para o futuro da criação...,eu fiquei muito feliz em ver que Léo é um cara novo,mas com uma grande vontade de preservar a natureza ao seu redor,inclusive ,ele tem planos de comprar áreas vizinhas,só com a intenção de preservar a manter as áreas intocadas...,um belo exemplo.

Após algum tempo,no meliponário,o pai de Léo,foi nos encontrar,e voltamos para a casa de carro...,onde encontramos o irmão de Léo e algumas pessoas amigas da família.

Depois de um dia maravilhoso,fomos convidados para um almoço,com toda a família e amigos do Léo,ao lado de um rio,e com a natureza exuberante ao nosso redor,e com uma comida maravilhosa,preparada pela mãe do Léo.


Da esquerda,pra direita:Tadeu,o pai de Léo,a mãe,Léo e eu de chapéu..,Lucas não está na foto,porque era o fotógrafo,rsrs.

Eu já fiz algumas visitas à meliponicultores,mas essa foi especial,pois,conheci Chagas e Léo...,um é o maior especialista em uruçu nordestina,da atualidade e o outro,representa o futuro dessa criação...,e porque não,o futuro da meliponicultura nacional.


Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

domingo, 21 de novembro de 2010

Minha infância no cariri paraibano.


A viagem foi cansativa,mas mesmo assim sempre vale à pena,pois estar de volta ao meu cariri,e poder rever os familiares,a minha caatinga,e as minhas abelhas nativas,é revigorante.

O dia amanhece.

_Paulo,venha tomar café meu filho,já tá tarde.
_Já vou mãe.
_Benção mãe.
_Deus te abençoe,meu filho.
_Cadê todo mundo?
_Seu pai foi lá no riacho,olhar a sangria da barragem.
_Sangria?E a barragem está cheia?
_Tá sim,meu filho,com a chuva dessa noite ela está sangrando.
-E os meninos onde estão?
-Foram olhar as cercas e ver se as águas não derrubaram alguma coisa.

Ao olhar pela janela da "sala de janta",eu tive uma grande surpresa,pois vi a mata nativa intocada,igualzinho a quando eu era criança,por um instante fiquei confuso.

Saí na porta da frente e vi,que na imburana haviam muitos canários da terra,fazendo a maior algazarra matinal.

Calcei a bota e fui até o curral,(a lama era muita)percebi que as vacas de leite estavam bem gordas e com muito leite,afinal ,meu pai ainda não tinha feito a ordenha.

Nesse momento,um grito estridente me atraiu a atenção,era o carro de boi,que apontava na estrada,carregado de palma e sendo puxado pelos bois "barra branca" e "bordado",ao lado dos bois vinha seu Manoel Pedro,aboiando e animando aquele começo de dia.

Ao chegarem ao meu lado,eu perguntei a seu Manoel,pra onde estava indo aquela palma.E ele,com aquele ar de alegria,me disse:Estou levando pra cocheira,seu avô está com uma engorda de 100 bois,e enquanto os meninos estão colocando o farelo de algodão e cortando o capim elefante,eu fui buscar essa palma,pra adiantar a luta.

Enquanto seu Manoel,seguia para a cocheira,meu pai apareceu na porteira grande,ele montava seu cavalo(batuque),e vinha apressado,pois já estava tarde para tirar o leite.

Após tomar a bênção,eu já fui querendo saber da sangria da barragem,então ele me disse que a água estava passando uns 60 centímetros acima da parede, da velha barragem de pedra e cimento,mas está sem perigo,quando seu avô construiu aquela barragem,ele teve todo o cuidado de fazer o melhor serviço possível,para evitar rompimento.

Meu pai disse que quando vinha do riacho,passou pelo meliponário e olhou algumas caixas,elas estão cheias de mel,se organize para fazer a colheita,pois esse ano elas trabalharam muito,e nas 100 caixas,vamos tirar uns 200 litros de mel,com certeza.

Enquanto eu estava preparando as coisas,para começar a colheita do mel,os meninos chagaram,e disseram que a chuva havia feito alguns estragos,derrubado algumas cercas,e que os reparos tinham que ser feitos logo,senão os animais poderiam sair da propriedade.

Meu pai ouviu o que os meninos disseram,já mandou chamar seu Zé Gonzaga e Inácio de Manoel Pedro,e disse onde estavam os estragos nas cercas,e que era pra eles irem consertar,e depois fazerem uma revisão geral nas cercas,pra verem se não haviam mais estragos,como eles iam andar muito,foram à cavalo.

Chamei meu irmão mais velho,pra ir comigo fazer a colheita dos primeiros litros de mel do ano,seguimos para o meliponário das jandaíras,levando 10 litros vazios.

Como meu irmão era mais ágil,já foi tirando as melgueiras,tapando os buracos que ficaram abertos nas caixas articuladas,e me entregando para que eu furasse os potes e virasse sobre a vasilha com a peneira,realmente as melgueiras estavam bem pesadas.

Terminada,a primeira colheita,voltamos pra casa com os litros cheios e a certeza que esse ano a produção de mel de jandaíra seria quase o dobro dos outros anos.

-Meu filho,esses 20 litros foram de quantas caixas?
-De 10 caixas mãe,é muito mel,essa é a hora de investir um bom dinheiro nas jandaíras,toda essa produção é resultado do bom inverno,mas também do trato que eu dei nas abelhas no período da seca,elas só estão me recompensando.

-Veja,prove o sabor desse mel,existe coisa melhor nesse cariri?
-Realmente esse é o melhor mel,que temos por aqui.

Paulo...Paulo...,acorde,meu filho já é tarde...,eu só deixei você dormir até agora,porque sabia que você estava cansado da viagem de ontem...
-Mãe,eu estava tendo um sonho,que preferia não ter acordado.
-Você sonhou com o quê?
-Com minha infância,com papai vivo...,não chore não meu filho,foi só um sonho;eu sei mãe,mas parecia tão real,como eu gostaria que fosse realidade...A realidade do meu tempo de criança.

OBS.:Todo esse relato,foi minha infância...

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A casa das abelhas.

Como já foi dito por mim ...,eu tenho algumas colônias de jandaíras, de uruçu e uma cupira,aqui em João pessoa...Essas caixas estão na casa de minha irmã;penduradas na frente da casa...,mas em breve providenciarei nova localização para elas...

Com o desconhecimento quase que total das pessoas do meu bairro,em relação as abelhas nativas,muitas pessoas chegam a chamar meu sobrinho,para perguntar como é que alguém cria abelhas na cidade,botando os vizinhos em perigo...

Em quase todas as vezes que eu vou lá,alimentar as abelhas,ou simplesmente fazer uma inspeção,sempre me aparece alguma pessoa curiosa, querendo saber das abelhas...claro que eu explico que são nativas,sem ferrão...,mas ,a maioria das pessoas ficam com uma cara de quem não acreditou muito,nessa explicação...

Ontem,eu recebi um telefonema de minha irmã,dizendo que um rapaz veio lá e chamou meu sobrinho,para perguntar de quem eram aquelas abelhas...Ele respondeu que eram minhas...,aí o rapaz disse: Lá na minha casa tem um monte de abelhas,em um galho de árvore,e todo mundo está com muito medo...será que são dessas daí?Meu sobrinho disse que com certeza não eram,e que possivelmente seriam ápis...,e orientou ele a chamar os bombeiros para fazerem a retirada...,pois, seriam um perigo para os moradores...

Quando eu estou nas ruas próximas,algumas pessoas já me conhecem como o rapaz da”casa das abelhas”...

Eu vou colocar as abelhas na parte da trás da casa,pois elas ficarão mais protegidas e não chamarão atenção dos vizinhos...

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Conhecendo mais um meliponicultor.

Como já relatei em postagens passadas,através desse blog,eu conheci muitas pessoas(umas pessoalmente,outras só pela internet),algumas dessas pessoas,hoje são consideradas meus amigos,pois sempre nos falamos,nos visitamos,enfim,fazem parte da nossa vida.

Hoje quero relatar mais um desses encontros prazerosos,e muito proveitosos,que aconteceu,lá em Campina Grande.

Foi através de um comentário no blog,que a Professora Maria do Carmo Carneiro,(ou simplesmente Carmem,como é chamada)falou de seu interesse pelas abelhas nativas,e que queria me conhecer pessoalmente,para trocarmos algumas ideias.

Aproveitei uma das minhas idas ao cariri,e fui lá na UFCG(Universidade Federal de Campina Grande),para conhecer a professora Carmem.

Cheguei cedo e fui logo para o setor de trabalho dela,...liguei para dizer que já havia chegado e fiquei olhando as coisas,ao redor,logo de frente ao setor de trabalho de Carmem,eu encontrei uma colônia de mirins(mosquitos),em uma bela árvore.



Após alguns instantes,chegou uma mulher com um grande sorriso no rosto,e já foi dizendo:pela curiosidade,em ficar vasculhando as árvores,você deve ser Paulo.

Após as apresentações,já começamos a falar das asf,e ela me chamou para ver algumas caixas de uruçu(melípona scutellaris),que ela mantém lá na UFCG,e um mosquito que tinha transferido à poucos dias(ele estava alojado em uma calçada,e foi transferido para uma caixa racional).

A professora Carmem,é zootecnista,e professora da universidade de Alagoas.
Ela criou e executou,em todo o cariri paraibano,o projeto de criação de peixe ou camarão,com água de rejeito de dessalinizador(esse rejeito se jogado na natureza é altamente maléfico para o meio ambiente)...,com esse projeto,Carmem,ganhou prêmio da UNESCO,participou de programas como “Globo rural”e “Jornal nacional”,da rede globo de televisão...,como diz ela,”ficou famosa”,rsrs...Com todo esse reconhecimento,ela é uma pessoa muito simples,o que me deixou muito à vontade ao seu lado.

Atualmente ela é pesquisadora da UFCG,e está com uma pesquisa do CNPQ(Conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico),onde estão sendo produzidas caixas racionais para abelhas nativas,com a utilização de bagaço de cana e fibras de bananeira,eu mesmo peguei na caixa,e achei uma boa ideia,pois além de serem resistentes,essas matérias-primas,são fáceis de serem encontradas,e poderão ser ótimas alternativas para substituir a madeira na confecção desses caixas,além de outras aplicações.



Durante o tempo em que estávamos conversando,eu fiz a divisão de uma colônia de uruçu,fizemos a inspeção na caixa de “mosquito”,enfim foi uma tarde muito proveitosa.

Após algumas conversas,eu disse que deveríamos criar uma associação de criadores de abelhas nativas,até sugeri o nome AME-PB,e Carmem ficou muito interessada na ideia e disse que vai tentar levar à frente,claro que farei o possível para ajudar.

Eu fiz a doação de uma colônia de moça branca,para a universidade,pois Carmem está montando um meliponário lá,e eu espero que tenhamos muitas novidades boas com esse meliponário,que servirá para pesquisas,visitas,palestras,aulas e com certeza será um ponto de encontro dos amantes das abelhas nativas.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

domingo, 10 de outubro de 2010

Inspeção em caixa de uruçu(Melípona scutellaris)

Estou postando algumas fotos de uma colônia de uruçu(Melípona scutellaris),que ganhei do amigo Tadeu Leite...

Eu fiz uma inspeção nessa caixa,para ver se estava tudo bem,e saber se ela já estava pronta para uma divisão...

Eu costumo fotografar todas as inspeções,pois isso facilita o trabalho de observação...,com as fotos nós podemos analisar melhor os detalhes que só se ver com muita observação e análise...


Discos de cria.


Potes artificiais com ração protéica.


As abelhas fecharam um pote,para que a ração não desidrate.


Eu abri o pote,para ver a reação das abelhas.


Ao abrir o pote,as abelhas já chegaram junto.

.
Discos de cria nascentes.


Essa ração protéica,que eu estou testando com as uruçus,foi feita pelo amigo Isaac,do blog abelhas do sabugi...Ele me mandou uma quantidade,para que eu testasse a aceitação das uruçus...,pelas fotos da pra ver que elas aceitaram a ração muito bem...

Essa alimentação protéica,é de grande importância para o desenvolvimento das colônias...,principalmente em épocas de excassez de alimentos,ou depois de uma divisão...


Grande abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Preservação da caatinga.


Até quando os governantes vão ignorar,e até patrocinar a destruição da nossa caatinga??

Essa é uma questão que tem me deixado, muito desacreditado das autoridades,nesses últimos tempos.Pois,o que se vê é a nossa caatinga,sendo,a cada dia transformada em deserto,e na maioria das vezes,as nossas autoridades são quem patrocinam essa destruição.

Órgãos públicos,como o banco do nordeste,tem financiado a destruição,do que ainda resta das nossas matas nativas.



Quantas vezes,nós temos presenciado os tratores de esteira,derrubando a caatinga(através de um financiamento do banco do nordeste),para algum projeto de plantio de capim,palma forrageira,ou outra cultura agrícola,ou de forragem animal...E,na maioria das vezes,esses projetos não dão certo e são abandonados,e o que fica é uma área quase desértica.



Na minha opinião,esses agentes financeiros (principalmente os públicos),deveriam financiar e apoiar projetos, que ajudassem na preservação e na recuperação da caatinga,e não financiar a destruição desse importante e desprotegido bioma.

Por exemplo,o governo deveria incentivar os produtores locais a preservarem suas matas...,dando incentivos(por exemplo redução dos impostos,para quem mantivesse as matas intactas).

Se,por acaso algum meliponicultor,for à um desses agentes financeiros,com a intenção de conseguir montar um projeto de meliponicultura,com o financiamento desses órgãos,com certeza,terá muitas dificuldades em conseguir sucesso em seu pleito...,pois o que importa não é se o projeto é ecologicamente correto,ou sustentável..,mas sim,se ele dará bons lucros aos bancos que estão financiando-os,não importando se eles destruirão a natureza ou não.

E o governo se faz de cego,como se não tivesse nada com isso,como se o mais importante,no momento fosse os lucros exorbitantes que esses bancos conseguem,e ainda se passam como agentes de desenvolvimento regional...,desenvolvimento de quê??Se os pequenos não têm acesso à esses créditos,pois não tem garantias financeiras,para oferecer aos bancos.

Se as coisas continuarem,nesse ritmo de destruição...,em um futuro bem próximo,nossa caatinga será transformada em um imenso deserto.

Embora nossa luta seja desigual(Davi x Golias),não pretendo desistir dessa luta pela preservação do meu lar.

É claro,que temos que tentar defender, todos os nossos ecossistemas:amazônia,pantanal,cerrado...,mas como sou do semiárido nordestino,estou tentando chamar atenção,para à nossa realidade local.

Entrem nessa luta...,Não precisa fazer pirotecnia...,Faça aquilo que você puder,em defesa da natureza:plantem árvores nativas,colham e distribuam sementes,façam mudas e doem aos seus vizinhos,incentivem as pessoas a entrarem nessa luta,passem essa mensagem à diante,seus filhos e o planeta irão agradecer.

Desculpem o desabafo,mas não aguento mais ver tanta destruição ser tratada,com descaso pelas autoridades.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Domingo,com as abelhas.

No último domingo,eu fui visitar,meu amigo Tadeu Leite,que é um criador de uruçu(melípona scutellaris),em uma bela praia daqui de João Pessoa.



Cheguei em sua residência,pela manhã,e já o encontrei em meio as caixas e ao movimento das abelhas campeiras.

O Tadeu,é professor universitário(aposentado)e fez da meliponicultura uma verdadeira paixão,é muito bom ver como ele trata as abelhas,com tanto cuidado,amor,responsabilidade e acima de tudo respeito,pois ele só realiza uma divisão,quando a colônia está muito forte,e não terá grandes dificuldades em se recuperar,outra coisa que chama a atenção,é o fato de sempre receber propostas para vender alguma colônia,mas ele nem pensa nisso,ele pode até fazer alguma doação(se souber que a pessoa que vai levar as abelhas,terá o mesmo cuidado e amor que ele tem,por elas).


Essa foi a segunda vez que visitei seu belo e organizado meliponário,aproveitei a visita,para fazer a transferência de uma mirim,para uma caixa nova.
Também realizamos algumas divisões de scutellaris,que estavam muito fortes.


(Eu,fazendo a transferência de uma mirim)


(Caixa,nova e a caixa velha,ao lado...)

Passamos o dia entre as abelhas,boas conversas,um bom aperitivo,rsrs,afinal ,como todo bom nordestino,nós apreciamos uma branquinha(de boa qualidade).

Após esse dia maravilhoso,o amigo Tadeu,me surpreendeu com um presente inesquecível:uma bela colônia de uruçu, e uma caixa racional(nova),para que eu faça a divisão e comece a criação de mais essa espécie.


(Colônia,que ganhei de presente.)


(Caixa nova,também presente de Tadeu.)

Ele me incentivou muito,para que eu transforme essa minha paixão, em um negócio,pois não existe nada melhor que trabalhar com aquilo que gostamos,nisso,ele tem toda razão.

Pretendo,aos poucos ir botando esse plano em prática,embora saiba que as coisas não são tão fáceis,mas vale a pena enfrentar,principalmente,quando acreditamos naquilo que estamos fazendo.

Tadeu,deve ter mais de cinquenta colônias de melípona scutellaris,além de algumas mirins,e ainda esse ano estará com umas cem uruçus,pois ele mora em uma área,que tem mata atlântica,uma bela área de mangue,além de muitas árvores frutíferas,e suas abelhas estão se dando muito bem nesse local.

Realmente,esse domingo foi um dos melhores que passei,nos últimos tempos.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Preservação da caatinga e das abelhas nativas.

Será que nós devemos desistir dos nossos sonhos,se eles parecem impossíveis de serem alcançados??

Sinceramente,eu acho que não.Mas sei que temos que tocar a vida em frente.Sempre tentando realizar os nossos sonhos,mas tendo que conviver com a realidade.

Nos últimos tempos,eu tenho sido chamado de sonhador,ingênuo,louco,etc.,por achar que é possível se viver bem,no semiárido nordestino,com aquilo que a própria natureza nos oferece.Esse é um dos meus sonhos.



Acontece que se criou,em nossa região,uma cultura onde só se deve criar gado,cabras ou ovelhas,o resto é perder tempo e dinheiro.

Não tenho nada contra as vacas(eu crio algumas),nem as cabras e ovelhas,mas apenas acho que existem muitas outras formas de se investir e ter um bom retorno financeiro,sem prejudicar a nossa tão ameaçada caatinga.

Entre essas alternativas,está a criação racional de abelhas nativas,que já estão ficando um pouco mais conhecidas(embora sendo nativas as pessoas nunca deram o devido valor,muitas nem sabem de sua existência,por isso,várias espécies já se encontram em extinção);a criação de peixes em tanque rede;criação de galinhas caipiras;produção de verduras,através do uso da hidroponia,etc.

Eu venho à algum tempo,tentando mudar o modo como as pessoas do “meu cariri”paraibano,veem essas alternativas,mas essa tarefa não tem sido nada fácil,afinal para se mudar a cultura de um povo,se leva tempo,paciência e muita perseverança.



Quantas vezes,ao falar sobre a criação de abelhas nativas,eu fui chamado de sonhador,pois algumas pessoas acham que temos que continuar investindo nas mesmas coisas,e sofrendo com a seca.



Quando eu percebia que alguém se interessava pelo assunto,eu aproveitava e tentava convencer.Falando dos casos de sucesso,nessa atividade,da importância para a nossa caatinga,afinal as plantas dependem das abelhas (e de outros insetos),para se multiplicarem.

Felizmente,esse meu trabalho quase solitário(em minha região), está sendo aos poucos entendido por algumas pessoas,que já acreditam na viabilidade econômica e na importância ecológica dessa atividade.



Claro,que as outras atividades que citei,também são bastante viáveis para nossa região;porque o mais importante é a diversificação das atividades,só assim,teremos um bom retorno financeiro.

Espero que esses meus sonhos de menino do interior,se tornem realidade,afinal tenho feito minha parte.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

10.000 acessos,obrigado!

Quem imaginaria,que um blog tão simples e amador,falando de coisas simples;mas verdadeiras,chegaria aos 10.000 acessos,em menos de um ano de existência?

Com certeza,eu não imaginaria,mas fico muito feliz,ao ver que hoje,dia 30/08/2010,meu humilde blog,alcançou esse número de visitas.

Em setembro de 2009,eu fui incentivado por meu sobrinho(Lucas),à criar um blog,para falar dessa minha paixão pelas abelhas nativas(acho,que ele já não aguentava mais me ouvir falando sempre desse mesmo assunto,por isso me mandou criar esse blog,só assim,eu teria um local específico,para expressar minhas idéias, rsrs).




Durante esse período,muitas coisas aconteceram;coisas alegres e coisas tristes;em dezembro de 2009,eu tive a maior tristeza de minha vida:perdi meu pai,aos 67 anos de idade,ele sempre viveu no cariri paraibano,pois ao contrário de seus irmãos,não quis ir para a “cidade grande” estudar,preferiu ficar ali mesmo,na luta com os animais;essa era a sua maior paixão,a vida de vaqueiro.

Aos 13 anos de idade,ganhou de seu pai um cavalo,uma sela e uma roupa de couro(uniforme do vaqueiro nordestino) e a cada dia,sua paixão por essa vida só aumentava;...quantas e quantas vaquejadas por esse sertão;quantas pegas de boi no mato;quantos cavalos ele domou;quantos amigos vaqueiros ele fez;quantos aboios(canto típico dos vaqueiros nordestinos,onde se faz versos de improviso);quantos sonhos;quantas saudades...


Como eu já falei em outras postagens,eu sou tipicamente um homem do campo,e essa minha paixão pelas coisas da minha terra,eu herdei de meu pai e de meus avós.

Se Deus permitir,em dezembro próximo,meu avô,estará completando 102 anos de idade,e minha avó 97 anos em outubro.

Sempre moraram no cariri paraibano,apesar de já terem possuído casas em cidades,nunca quiseram morar fora de sua terra natal,meu avô sempre disse ,que se tivesse que ir morar em uma cidade,com certeza morreria mais rápido,pois não aguentaria ficar longe de seu torrão.

Uma das lições,que eu aprendi com meu avô,foi:sempre trabalhar,para conseguir ser alguém na vida,de forma honesta;e ninguém melhor que ele para servir de exemplo.Na sua juventude,herdou de seu humilde pai,a profissão de “tropeiro”,e ele sempre trabalhou para ser “alguém”na vida.

Trabalhando de sol à sol,ele foi juntando umas reservas e,após alguns anos de muita luta e sofrimento,conseguiu comprar sua terra,seu lar,onde com muito suor,criou dez filhos e conseguiu se destacar em sua região,como um homem honesto e “de palavra”,que sempre primou pelos bons costumes.

Foi nesse meio,que eu fui criado,mas ao contrário de meu avô,que sempre gostou de “gado”,eu fui me apegando as abelhas nativas que,embora não me tragam retorno financeiro,me fazem ficar cada dia mais ligado as coisas do “meu cariri”.

Estou na luta para divulgar a meliponicultura em minha região,e já consegui alguns avanços,pois as pessoas não estão mais vendo essa atividade,como “coisa sem futuro”,e algumas já pensam em investir nessa atividade,O que falta são cursos,seminários,discussões sobre o assunto,para que as pessoas conheçam mais essa minha paixão.

Espero,que meu humilde blog,continue sendo um ponto de encontro de pessoas, que como eu,são apaixonadas pelas abelhas nativas;pela minha querida caatinga,pela natureza,enfim por nosso planeta terra.

Agradeço a todos que seguem,visitam,comentam e acompanham esse blog.

Grande abraço a todos.

Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Divulgando a meliponicultura.

Em algumas postagens anteriores,eu já mencionei a importância de se divulgar a meliponicultura em nosso país,pois a grande maioria das pessoas, nem imagina que existem abelhas sem ferrão.Acham que só existe a ápis mellífera.

À poucos dias eu estava na casa de minha irmã,alimentando as minhas abelhas.Quando um rapaz que veio lá fazer um serviço,ao ver as caixas,perguntou se eram abelhas...falei que sim,eram abelhas nativas,sem ferrão,mesmo assim ele me disse que elas são bem perigosas,que eu estava era doido,criando aquilo...e ficou com uma cara de medo,enquanto realizava o seu serviço;eu lhe expliquei claramente,que se tratavam de abelhas inofensivas,aproveitei para esclarecer algumas dúvidas que ele tinha ,à respeito do assunto e aos poucos ele entendeu que as jandaíras não faziam mal algum,pelo contrário são altamente importantes para a natureza,tão ameaçada.

Claro,que aquele rapaz,só conhecia a ápis,e por isso acha que todas as abelhas são iguais,ou seja acha que todas tem ferrão,por isso aquela cara de medo e espanto,afinal a maioria dos acidentes com as africanizadas,acontecem nas cidades.

É bem difícil,entender,porque a criação racional de abelhas nativas(abelhas sem ferrão ou indígenas) não é divulgada,apoiada e incentivada em nosso país.

Todos sabem,da importância ecológica,e econômica que essa atividade tem,e poderá ter, se houver apoio para novos criadores.

Sabemos que existem muitas pesquisas,nas universidades,embrapa,emater,etc. Mas essas pesquisas(na grande maioria) não chegam aos criadores,que têm necessidade de novas técnicas de manejo racional.O próprio IBAMA,ao invés de facilitar a regularização do setor,dificulta muito a vida de quem quer fazer dessa atividade um negóci(no meu caso eu só crio por paixão,pois não disponho de muitas colônias,para comercializar,mesmo achando que pode ser um bom negócio,vender abelhas,mel,pólen...)

Também acho que os próprios meliponicultores,podem,e devem ajudar nessa tarefa de divulgar a nossa atividade,pois só teremos a ganhar com a profissionalização do setor.

No meu caso particular,estou tentando encontrar novos criadores, aqui em João Pessoa,mas só encontrei pouquíssimos,embora saiba que existem mais.

Existe uma amiga minha,que quer divulgar a meliponicultura em nosso estado(Paraíba),e está montando um meliponário na cidade de Campina Grande,claro que eu vou participar desse projeto,pois sou apaixonado pelas abelhas nativas e não ficaria de fora,por nada eu vou à Campina,na próxima semana e pretendo ir conhecer o local ,onde já está sendo montado o meliponário.

Essa amiga é zootecnista ,e é apaixonada pelas abelhas nativas,com certeza ela fará um ótimo trabalho.

Em breve espero ter boas notícias à respeito desse maravilhoso projeto,que visa divulgar e incentivar a meliponicultura na Paraíba,e no nordeste.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

sábado, 14 de agosto de 2010

Abelhas nativas,e as cidades.

No último domingo,dia 8 de agosto,eu trouxe duas jandaíras do cariri,pra João Pessoa...

Essas duas caixas,foram divisões que eu fiz e que aproveitei para trazê-las pra cá,afim de acompanhar melhor seu desenvolvimento.

Como eu já havia trazido duas jandaíras e uma cupira,hoje meu meliponário urbano conta com cinco caixas...



Lendo relatos, do amigo Kalhil(do meliponário do sertão),...um dos maiores problemas para se criar abelhas nativas nas cidades,é sem dúvidas o “fumacê”(carro que passa soprando veneno,para tentar matar o mosquito da dengue,mas na realidade,mata todos os insetos que encontra pelo caminho)...E esse ano,infelizmente,esse carro está passando rotineiramente por aqui,...o que tem me deixado bastante apreensivo...

Algumas vezes,o “fumaçê” passa à noite,...menos mal,pois as abelhas estão dentro das caixas,e podem se proteger...mas,já houve dias que “ele”passou à tarde,enquanto as campeiras estavam em plena atividade...e isso é um desastre,sem igual...,pois com certeza,a colônia perde um bom número de campeiras,...que são as que alimentam toda a colônia...

Por enquanto,eu ainda estou conseguindo administrar as perdas,... mas não sei se isso vai piorar,só com o acompanhamento é que saberei...

Eu estou alimentando as abelhas,e fornecendo cera,para facilitar a vida delas...,pelo menos, até que elas estejam completamente adaptadas ao litoral paraibano...

Mesmo com o inconveniente do “veneno”,eu pretendo trazer mais algumas caixas para cá,pois aqui posso acompanhar tudo,bem de perto...e com certeza aprender sobre as abelhas nativas...,coisa que só se consegue,acompanhando o desenvolvimento diário delas...,e lá no cariri fica difícil,devido à distância...

Pra minha surpresa,a cupira(partamona seridoensis)está indo muito bem por aqui...,apesar de ser nativa do semiárido nordestino,está conseguindo se adaptar por estas bandas...



Em breve trarei as moças brancas,e acho que elas se darão bem,pois são bem fortes...

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB

terça-feira, 27 de julho de 2010

Imagens do "meu cariri paraibano".


Ao criar esse blog,em 2009,eu queria apenas relatar experiências com as minhas abelhas nativas e trocar experiências com outros apaixonados pelo assunto,mas com o passar desses meses,sei que ele é uma ótima ferramenta para facilitar a nossa vida,e fazer algumas amizades.


Como todos sabem,a internet é um ótimo meio de comunicação,e sempre converso com pessoas dos diversos locais do Brasil e até do mundo,sempre sobre meu assunto preferido(abelhas nativas).

Faz algum tempo,que eu encontrei um blog muito interessante,o Monte do mel http://montedomel.blogspot.com/e mantive os primeiros contatos com o seu proprietário,o Joaquim Pífano.

O Joaquim é de Portugal,é técnico em apicultura,mas apesar de estar bem distante das nossas abelhas nativas,ele se mostra um apaixonado por elas,e pelas nossas paisagens tropicais,sempre que ele visita meu modesto blog,faz algum comentário a respeito das belas paisagens do meu semiárido nordestino,pois são bem diferentes das do seu país.

Aproveitando esse seu interesse, em ver nossas paisagens,eu resolvi fazer essa postagem em sua homenagem,e em agradecimento à força que ele sempre deu a mim e ao meu blog;inclusive fazendo de um comentário meu,uma postagem em seu blog,aproveito também para dedicar a outros grandes amigos,por exemplo José Halley Winckler,da associação dos meliponicultores do Rio de Janeiro(AME-Rio)http://ame-rio.blogspot.com/,que sempre me deu força para continuar com meu trabalho,aos meus amigos que seguem o blog,enfim à todos.

As fotos não são boas,pois minha câmera é simples e eu não entendo nada de fotografias.

Espero que gostem,pois são paisagens do “meu cariri paraibano”,que para mim é o paraíso.

Esse é o berço da jandaíra(melípona subnitida),da cupira(partamona seridoensis),da manduri/rajada(melipona asilvai)e de tantas outras espécies de abelhas nativas.


Esse é o leito de um pequeno rio(riacho),coberto de pedras,que com a passagem da água,faz muito barulho.


Formação rochosa(lajedo)no meio da caatinga,foi feita uma pequena parede de contenção,para armazenar a água da chuva.


No meio da caatinga,muitas pedras e algumas plantas típicas:xique-xique,macambira,urtiga,marmeleiro.





Leito de um riacho,pode-se ver algumas plantas nativas:craibeiras,catingeira,ao fundo pode-se ver uma barragem de pedra e cimento.



Um pé de jucá.


Época de chuva,no cariri a natureza se transforma,é só alegria.


Leito seco,do riacho.


Algumas construções comuns,no cariri:curral,cocheira e armazém,sítio da família.


Palma forrageira,alguns pés de algaroba e ao fundo a caatinga.


Plantio de palma,e muitas flores nativas,que fazem a alegria das abelhas.


A esquerda,um pereiro,no centro uma jurema preta e a caatinga maravilhosa.


Reservatório de água(açude),e um cata-vento,usado para captar água do subterrâneo.


No meio da caatinga,o "caroá",essa planta que é parente da macambira,foi muito importante para a região,pois era usada para fabricar cordas,e os caririzeiros vendiam suas folhas,para conseguirem alguma renda.


Essas são algumas imagens do cariri paraibano,um lugar de homens fortes e trabalhadores,que apesar das adversidades, continuam na luta e com esperanças de dias melhores.


Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponaário Braz.
João Pessoa,PB.

sábado, 24 de julho de 2010

Forídeos,a pior praga da meliponicultura.


Em muitas das minhas postagens,eu falei das dificuldades de morar longe do meu meliponário,e hoje estou escrevendo essa postagem,justamente para contar um acontecimento que me deixou muito chateado.

No último sábado,(aproveitando uma carona de um primo )eu fui ao cariri Paraibano,onde localiza-se meu meliponário.



Chegamos lá,quase à noite,mesmo assim fui dar uma olhada rápida nas abelhas nativas...e,uma caixa de jandaíras me chamou atenção,pois eu não vi nenhum movimento,nem vigia...e já imaginei que algo de ruim estava para acontecer,ou já teria acontecido.

Rapidamente,peguei a escada e tirei a caixa(ao pegar a caixa eu já disse para meu irmão,que ela tinha perecido,pois estava muito leve),ao abrir eu pude ver uma destruição,que nunca tinha presenciado,pois essa foi a primeira caixa que eu perdi,para os malditos forídeos.

Essa caixa foi invadida pela maior praga da meliponicultura,(na minha opinião)os forídeos,que destruíram completamente os discos de cria e os potes de alimento...,não sobrou nada,tudo foi reduzido a pó.



Houve um problema com essa caixa,ela foi virada e teve um derramamento de mel,o que atraiu os forídeos,e como eu não estava por perto,para organizar as coisas e salvar essa colônia(que era bem forte),ela pereceu.



Ao ver aquela destruição, eu tive um misto de raiva e tristeza,pois pra quem ama as abelhas,do jeito que eu amo,é muito difícil ver uma cena como essa,e não ficar desanimado.



Aproveitei e revisei as outra caixas,mas estava tudo em ordem.

Eu trouxe uma jandaíra, e uma cupira (que estava em Campina Grande)para João Pessoa,pois essa jandaíra estava um pouco fraca e eu preferi tê-la por perto,para poder reforça-la e acompanhar seu desenvolvimento.


Apesar do pouco tempo,a cupira(partamona seridoensis) parece está se adaptando bem ao litoral,pois estão com um bom movimento, e estão chegando carregadas de pólen.



Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

sábado, 17 de julho de 2010

A abelha cupira.



Mais uma vez,eu vou falar de uma abelha nativa(abelha sem ferrão,ou abelha indígena) do semiárido nordestino,que eu tenho um amor especial,trata-se da abelha cupira(partamona seridoensis).

Durante o mês de junho,eu fiz uma transferência de uma cupira do cupinzeiro,para uma caixa racional.
                                             Em destaque uma realeira da abelha cupira.


O cupinzeiro onde estava essa colônia,estava em um tronco de pereiro,quase encostado ao chão.

Como já é de costume,para fazer essa transferência,eu contei com a ajuda de um dos meus irmãos,que está ficando fera nessas transferências.

Logo cedo,nós começamos os trabalhos,e para facilitar,levamos o cupinzeiro para uma distância de uns dez metros(pois esse era um local mais limpo,sem muito mato)o que facilitaria o nosso trabalho,inclusive na coleta de abelhas ,com o sugador.

Após abrirmos o cupinzeiro,eu retirei as crias com cuidado,e coloquei na caixa,deixando a tampa entre-aberta,para facilitar que algumas abelhas, já fossem entrando na nova morada... À essa altura,as abelhas já estavam nos mordendo pra valer,mais já estamos acostumados e não perdemos tempo...eu consegui retirar uma parte dos potes de alimento,sem danificá-los e também coloquei na caixa,os outros potes que se romperam,foram pra casa.

Tivemos muito trabalho para encontrar a rainha,pois com a abertura do cupinzeiro,ela se escondeu e quase ficou sem ir pra nova caixa,pois pensamos que ela estivesse dentro do envólucro,junto com as crias,e se não tivéssemos procurado minunciosamente,teríamos a deixado nos pedaços do cupinzeiro...,também tivemos um trabalhão,para sugar as abelhas novas(que são bem clarinhas),e são muitas,...quase ficamos sem fôlego,de tanto sugar abelhas...mas valeu todo o esforço,pois essa é uma bela colônia.




Terminada a transferência,colocamos a caixa no local onde estava o cupinzeiro,que a essa altura já estava tomado pelas abelhas adultas,que estavam trabalhando...,e também as que voaram no momento da abertura do cupinzeiro.

Durante o dia ,eu fiquei observando o movimento das abelhas ,que rapidamente,trataram de vedar todas as frestas da caixa,(pois mesmo usando fita,entra claridade,e elas não gostam)e,também retiravam a cera que eu coloquei na entrada,para sinalizar a nova moradia.

Quase que eu perdi essa colônia,pois,por está quase no chão,as pequenas formigas pretas(que são altamente mordedeiras)estavam entrando na caixa,por por pequenas imperfeições que existiam em seu fundo.

Ainda bem que eu vi,durante o dia,pois se eu tivesse deixado a caixa passar a noite lá,possivelmente teria perdido,todas as abelhas.


Eu peguei a caixa e trouxe para casa,e fiquei durante um bom tempo matando as formigas,passando a mão na caixa e esmagando-as...até não ver mais nenhuma formiga,só então abri a caixa para ver como as coisas estavam por lá,e por incrível que pareça...as abelhas estavam bem,apesar de estarem agitadas...resolvi não mexer mais,e coloquei a caixa pendurada na parede da casa,protegida pelas telhas...,no outro dia bem cedo,eu já pude ver um bom movimento de abelhas voando ao redor da caixa.

Ao voltar ao local onde estava o cupinzeiro,eu vi uma boa quantidade de campeiras lá,pousadas no galho de pereiro e algumas voando...,aproveitei e peguei uma colônia que estava um pouco fraca, e levei ao local para pegar essa campeiras...,(e isso aconteceu sem problemas)ao colocar essa caixa na mesma posição,em que estava o cupinzeiro,as abelhas foram entrando aos poucos, até não restar mais nenhuma abelha no galho do pereiro,nem voando ao redor.Nesse momento,eu levei a caixa de volta ao seu lugar de origem.

Passei o dia, observando o trabalho das abelhas que estavam em casa,e percebi que elas estavam bem,...uma coisa que me chamou atenção ,foi ver que ela estavam roendo a fita que eu tinha colocado,para ajudar na vedação da caixa...elas roeram uma boa parte dela.

Outra coisa bem interessante,foi ver que elas estavam saindo por dois locais,isto é,ela conseguiram abrir outra entrada(aproveitando uma fenda que a tábua tinha,e foi fechada com cera e fita)...e durante os dias que eu estava por lá,elas continuavam utilizando as duas entradas,...claro que a entrada principal,tinha mais movimento,mas elas continuavam entrando e saindo também,pela entrada pequena,aberta por elas.



Essa caixa está em Campina Grande,mas em breve estará aqui em João Pessoa,pois pretendo ir buscá-la logo.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Meliponário urbano II.

Eu trouxe uma jandaíra,do cariri pra João Pessoa,no dia 04 de julho,e, para evitar perturbar ainda mais elas,resolvi só fazer uma revisão hoje...

É claro que, todos os dias eu estou observando o movimento das campeiras,que ,para minha alegria estão chegando carregadas de pólen...esse é um ótimo sinal que elas estão se adaptando bem à nossa cidade...

Uma das minhas dúvidas,com relação à adaptação delas por aqui,era justamente a mudança nas espécies de árvores,...que são bem diferentes das encontradas no semiárido...,mas elas são muito valentes e fortes(como os sertanejos)e conseguiram descobrir novas plantas,para retirarem o seu tão precioso pólen...

Para minha sorte,por aqui existem muitas fruteiras,e como todos sabem,as abelhas gostam muito do pólen dessas plantas:mangueira,cajueiro,acerola,coqueiro,jambo,mamoeiro e goiabeira,são exemplos de fruteiras que existem aqui,por perto da minha casa,... além de outras tantas
árvores que eu nem sei o nome,mas que possivelmente as abelhas também visitam suas flores...



Quando eu coloquei a caixa no local definitivo,ofereci xarope,para dar um reforço na alimentação,até que elas se adaptassem...,o que não demorou muito,pois,no segundo dia eu já vi as campeiras voltarem carregadas...

É bem interessante,ver as abelhas saindo para o seu trabalho diário,...elas saem em várias direções,e sempre conseguem alimento...



Ao abrir a caixa,hoje,elas saíram e ficaram voando ao meu redor,mas não me morderam(e olha que elas sempre me dão pelo menos uma mordidinha),...eu vi que estava tudo em ordem,(apesar de ser uma colônia em desenvolvimento)e não demorei a fechar a caixa e colocá-la de volta ao seu lugar de origem...



Essa caixa está na casa de minha irmã,pois eu moro em um 1º andar e preferi,deixar elas se acostumarem um pouco mais com a cidade,para trazer pra minha casa...,que é perto de onde elas estão …

Quando eu organizar o meu tempo,vou pra Campina Grande,buscar a cupira e a moça branca,que eu deixei lá...,talvez,com essas eu tenha um pouco mais de trabalho...,principalmente com a cupira...

Em minha próxima viagem ao cariri,eu trarei mais uma jandaíra,pois já sei que elas se adaptam bem por aqui...

Posso dizer que já tenho um meliponário urbano(ainda que seja só com uma jandaíra...rs,rs,),mas pra tudo tem o primeiro passo,e em breve darei outros passos...,até trazer algumas das minhas abelhas pra cá...

Esse contato diário,(ainda que pequeno,devido ao tempo)só tem aumentado a minha paixão pelas abelhas nativas,e com certeza vai me fazer aprender um pouco mais sobre elas...

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

São João no cariri Paraibano.

Como disse,na última postagem,passei o período junino lá,no “meu cariri".

Graças a Deus,as chuvas apareceram por lá,embora um pouco fora de tempo,mas não podemos reclamar,pois chuva é sempre bem vinda por aquelas bandas...

Com as chuvas,as matas se reverdeceram,e a caatinga está linda,nem parece aquele mesmo lugar dos períodos de seca.



Quase não conseguimos acender a fogueira de são joão,(tradicional,por aquelas bandas)foi preciso usarmos querosene,pois a lenha de algaroba que eu e meus irmãos tiramos, estava bem molhada e a chuva estava sempre por perto.
Mas é essa chuva que deixa o caririzeiro feliz e que faz a alegria dos animais e plantas da região.




As minhas abelhas estão bem. E eu,como faço sempre que estou por lá,fiquei observando o movimento delas,no meliponário e nas plantas floridas,para ver as preferências e o belo trabalho de coleta de pólen.

Eu aproveitei para fazer algo,que eu já pensava em fazer à algum tempo:um espécie de senso,das imburanas e imbuzeiros ,ocupados pelas africanizadas.

Para essa missão,eu contei com à ajuda de um dos meus irmãos,que está cada vez mais apaixonado pela meliponicultura,embora essa paixão só tenha aparecido, após ele ter me ajudado em algumas transferências.

Nós saímos de casa cedo,e escolhemos uma área do sítio, que sabemos ter bastante árvores dessas espécies.
Olhamos umas cinquenta árvores,e para minha alegria,só encontramos três africanizadas.

Uma coisa que me chamou atenção,foi o fato da maioria das imburanas e imbuzeiros vistos por nós,terem cicatrizes,causadas pelas retiradas do mel de ápis...,essas cicatrizes são bem profundas e muitas vezes,a árvore não resiste e cai devido ao vento e a fragilidade que o seu tronco apresenta,após os cortes.



É por isso,que eu dou tanta importância ao plantio dessas árvores,para tentar minimizar o impacto sofrido por nossa caatinga,ao longo do tempo.

Quando eu estiver por lá,vou continuar esse trabalho,para ter uma ideia da quantidade de colônias de ápis e de abelhas nativas em nosso sítio,é claro que esses dados não são tão rígidos,pois as abelhas podem enxamear,e isso pode trazer algumas diferenças nos números mesmo assim,dar pra ter uma ideia.

Outro dado animador,é que encontramos algumas moças brancas,jandaíras e cupiras,(as cupiras em cupinzeiros)o que mostra que as nativas estão conseguindo se manter nessa região,apesar das adversidades,dos desmatamentos,das queimadas,da invasão das ápis e da destruição causada pelos meleiros.

Claro,que eu pretendia trazer algumas caixas para João Pessoa,e fiz...
Eu deixei em Campina Grande,na casa de uma tia,uma cupira e uma moça branca,para que elas se adaptem as mudanças de temperatura,clima e tipo de flores,só depois de alguns dias irei trazê-las pra cá.

Aproveitei e trouxe uma jandaíra,ela já está aqui em João Pessoa,e parece está se adaptando bem,apesar de estar chovendo muito por aqui,elas estão trabalhando bem,mesmo assim,vou alimentá-la e acompanhar seu desenvolvimento e adaptação...


Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.