quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia da caatinga.

Instituído,em 20 de agosto de 2003,por um decreto presidencial,o dia 28 de abril,foi escolhido como o “dia da caatinga”.

A palavra caatinga vem do tupi:caa(mata)+tinga(branca)= mata branca.Tem esse nome por causa da paisagem esbranquiçada,que a vegetação apresenta durante os períodos de seca.Como a maioria das árvores perdem as folhagens,os seus galhos esbranquiçados se destacam na paisagem.

A caatinga é o 3º ecossistema brasileiro mais degradado,ficando atrás apenas da mata atlântica e do cerrado.

Essa destruição,é causada pelo animal mais feroz que vive por aqui:”o bicho homem”.

É triste se falar de dia da caatinga,quando não se tem nada para comemorar,pelo contrário,o que se pode observar em toda essa região,é o aumento do processo de desertificação,a destruição da vegetação,a morte dos rios,causada pelo derramamento de esgotos não tratados,o aumento da caça predatória e a falta de políticas públicas para tentar mudar essa triste realidade.



É muito bonito,quando alguma autoridade,fala que vai lutar para melhorar as condições de vida,no nosso semiárido e preservar o que ainda resta da caatinga;só que na maioria das vezes essas autoridades não sabem nada da nossa realidade,pois só aparecem aqui de quatro em quatro anos,para mais uma vez enganarem esse povo ingênuo e sofrido,com promessas falsas e assim conseguirem seus votos.



Na realidade,o homem sofrido do nordeste brasileiro,já não mais acredita em promessas de salvação para essa região,pois,com raras exceções,são promessas vazias,como o prato de muitos pais e mães de família,que lutam para manterem uma vida digna e honesta,mesmo vendo tantos maus exemplos por parte dos nossos governantes.



Seria,relativamente fácil melhorar a vida desse povo,bastava fazer uma melhor distribuição de renda,investir em educação de qualidade,apoiar iniciativas sustentáveis e dar vez e voz a esse povo,pois de “besta”,nós não temos nada.



Escrevi essa postagem simples,apenas para não deixar passar em branco,esse dia que para mim é muito importante,pois faço parte dessa caatinga;sou igual ao pé de imburana,que mesmo após ser cortada,se mantém verde e se for deixada em pé,crescerão novas raízes e essa belíssima árvore se manterá viva,mostrando que a natureza sempre encontra uma saída.


Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz

terça-feira, 26 de abril de 2011

Infância no semiárido paraibano.


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Amigos,eu passei una dias no "meu cariri paraibano",e lá relembrei da minha infância naquele torrão amado;eu  fiz uma viagem de volta ao passado.

Quando eu era criança e ainda morava no sítio,e nosso aparelho “eletrônico” mais moderno era o velho rádio de pilhas;pois em nosso sítio e nos sítios vizinhos não havia energia elétrica,e para iluminar nossa residência,usávamos a velha lamparina a querosene.

Todos os dias às 18: horas,minha mãe ligava o rádio,para ouvirmos “à hora do anjo”(isso era sagrado);ficávamos todos ao redor do rádio,ouvindo e rezando.
Após o término,do programa todos se reuniam ao redor da mesa,para o jantar (não tinha essa história de ir comer no quarto,no sofá,...todos tinham que estar sentados ao redor da mesa).

Geralmente,os trabalhadores,que ajudavam meu pai na lida diária,dormiam em nossa casa,pois moravam distante e ficava difícil ir todas as noites para suas residências.


Sempre após o jantar,nós ficávamos ouvindo as “histórias de trancoso”(ou histórias da carochinha),que alguns amigos de meu pai contavam...;era muito bom ouvir aquelas histórias,e ficar imaginando se seria possível acontecer aquelas coisas,ou se eram apenas lendas.



Em nossa inocência de criança de interior,aqueles momentos eram únicos e esperados com grande euforia.
Aquelas coisas simples,representavam muito para nós,pois nos faziam sonhar com dias melhores;sem saber que aqueles eram os melhores dias de nossas vidas.

Foi nessa época que me apaixonei pelas abelhas nativas,e essa minha paixão só aumentou com o passar dos anos,pois além da paixão,posso lutar para preservá-las e proteger seu habitat...

O tempo passou,e o velho rádio de pilhas já não existe,as conversas ao redor da mesa,estão cada vez mais difíceis,meu pai já partiu para o andar de cima,e essas lembranças me fazem chorar,talvez porque eu seja um bobo;talvez porque eu não queira abandonar meu lado criança,e prefira viver como se ainda fosse aquele menino sem preocupações;vivendo livre e feliz por entre as matas,em conato com animais e plantas e tendo um contato mais forte com o criador de tudo isso.

Hoje em dia,aquele menino do interior,não fica um só dia sem usar a internet,seja para se informar,para estudar e realizar pesquisas,seja para conversar com amigos e parentes,seja para escrever coisas simples em seu blog.

Mas mesmo assim,eu não troco uma caminhada em meio a caatinga,um amanhecer no cariri,uma conversa no alpendre da casa,um banho de barragem,por toda a tecnologia do mundo,pois lá no meu cariri,me sinto aquela criança inocente,sonhadora e querendo ficar sempre perto do meu torrão natal...,como me disse o meu amigo Isaac,do blog Abelhas do Sabugi,"lá me sinto mais perto de DEUS."


Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Feliz páscoa.

Amigos,estou no cariri aproveitando um pouco.

Retornarei em breve,com novidades de minhas abelhas e da vida.


Feliz páscoa à todos,e que DEUS continue nos abençoando,hoje e sempre...

Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.

sábado, 2 de abril de 2011

Uruçu nordestina/uruçu verdadeira(Melipona scutellaris).

Amigos!


A uruçu nordestina (melípona scutellaris) é endêmica do nordeste brasileiro;ocorre na zona da mata dos estados de Alagoas,Bahia,Ceará, Pernambuco,Paraíba,Rio Grande do Norte e Sergipe.

Dentre as abelhas nativas,criadas no Brasil;com certeza a uruçu nordestina é uma das mais importantes e produtivas,economicamente falando( se ela for bem manejada,pode concorrer e vencer as ápis,pois tem um mel muito valorizado).Além de ser muito bonita.




Em 2010,eu tive o prazer de ir em Igaraçu(PE),conheçer o sr.Franciso das Chagas,considerado o maior criador dessa espécie de abelha no Brasil.Apesar de ostentar esse título,Chagas é muito simples,amigo e incentivador dos novos meliponicultores.


As uruçus são ótimas produtoras de mel,e esse é o mel mais valorizado do país,alcançando um preço médio de R$150,00 o litro e ainda existe mercado,pois a procura por esse mel é crescente.

Apesar de ser nativa do nordeste brasileiro,ela é criada em quase todas as regiões do país,e tem se adaptado bem a diferentes climas,pois é bem rústica e tem uma boa adaptação a diferentes ambientes.

As uruçus são criadas basicamente em dois modelos de caixas:a caixa FO/INPA e a caixa nordestina(horizontal).




São abelhas de fácil manejo,(apesar de serem bem defensivas)e se adaptaram muito bem as criações racionais,onde produzem em média três litros de mel por caixa/ano;é claro que a produtividade vai variar de acordo com o manejo e com as floradas existentes na região.





Assim,como acontece com a maioria das abelhas nativas,quem tem contato com a uruçu nordestina,se apaixona logo de cara.

Apesar de ter um preço médio alto:em torno de R$400,00 a família.Ela desperta cada vez mais o interesse dos meliponicultores e amantes das abelhas nativas,sendo considerada por muitos "a melhor abelha nativa brasileira".


É claro,que eu também estou no meio desses apaixonados por elas.

E espero continuar com as minhas queridas jandaíras,(lá no cariri)e com as uruçus aqui em João Pessoa,aumentando aos poucos a quantidade de exemplares.

Já existem algumas experiências com a uruçu nordestina no semiárido,embora os grandes estudiosos do assunto digam que isso é impossível,mas...(eu mesmo,já faço à algum tempo,e me surpreendo com os bons resultados)posso dizer que essa será mais uma barreira geográfica quebrada pela uruçu nordestina;que como todo nordestino,é antes de tudo forte.

Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.