terça-feira, 26 de abril de 2011

Infância no semiárido paraibano.


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Amigos,eu passei una dias no "meu cariri paraibano",e lá relembrei da minha infância naquele torrão amado;eu  fiz uma viagem de volta ao passado.

Quando eu era criança e ainda morava no sítio,e nosso aparelho “eletrônico” mais moderno era o velho rádio de pilhas;pois em nosso sítio e nos sítios vizinhos não havia energia elétrica,e para iluminar nossa residência,usávamos a velha lamparina a querosene.

Todos os dias às 18: horas,minha mãe ligava o rádio,para ouvirmos “à hora do anjo”(isso era sagrado);ficávamos todos ao redor do rádio,ouvindo e rezando.
Após o término,do programa todos se reuniam ao redor da mesa,para o jantar (não tinha essa história de ir comer no quarto,no sofá,...todos tinham que estar sentados ao redor da mesa).

Geralmente,os trabalhadores,que ajudavam meu pai na lida diária,dormiam em nossa casa,pois moravam distante e ficava difícil ir todas as noites para suas residências.


Sempre após o jantar,nós ficávamos ouvindo as “histórias de trancoso”(ou histórias da carochinha),que alguns amigos de meu pai contavam...;era muito bom ouvir aquelas histórias,e ficar imaginando se seria possível acontecer aquelas coisas,ou se eram apenas lendas.



Em nossa inocência de criança de interior,aqueles momentos eram únicos e esperados com grande euforia.
Aquelas coisas simples,representavam muito para nós,pois nos faziam sonhar com dias melhores;sem saber que aqueles eram os melhores dias de nossas vidas.

Foi nessa época que me apaixonei pelas abelhas nativas,e essa minha paixão só aumentou com o passar dos anos,pois além da paixão,posso lutar para preservá-las e proteger seu habitat...

O tempo passou,e o velho rádio de pilhas já não existe,as conversas ao redor da mesa,estão cada vez mais difíceis,meu pai já partiu para o andar de cima,e essas lembranças me fazem chorar,talvez porque eu seja um bobo;talvez porque eu não queira abandonar meu lado criança,e prefira viver como se ainda fosse aquele menino sem preocupações;vivendo livre e feliz por entre as matas,em conato com animais e plantas e tendo um contato mais forte com o criador de tudo isso.

Hoje em dia,aquele menino do interior,não fica um só dia sem usar a internet,seja para se informar,para estudar e realizar pesquisas,seja para conversar com amigos e parentes,seja para escrever coisas simples em seu blog.

Mas mesmo assim,eu não troco uma caminhada em meio a caatinga,um amanhecer no cariri,uma conversa no alpendre da casa,um banho de barragem,por toda a tecnologia do mundo,pois lá no meu cariri,me sinto aquela criança inocente,sonhadora e querendo ficar sempre perto do meu torrão natal...,como me disse o meu amigo Isaac,do blog Abelhas do Sabugi,"lá me sinto mais perto de DEUS."


Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.

3 comentários:

Abelhas do Sabugi - PB disse...

(...) aqueles momentos eram únicos e esperados com grande euforia.Aquelas coisas simples,representavam muito para nós,pois nos faziam sonhar com dias melhores;sem saber que aqueles eram os melhores dias de nossas vidas... (...)
Rpz, quase chorei rsrs,
Talvez pareça bobagem para muitas pessoas, mas para nos, nossas raízes nos sustentam mesmo depois bem crescidos.
Tem haver em estar em contato não só com a infância, mas com Deus. Andar pelo meio dos matos como diz você. Para mim também é falar com Deus é sentir Deus ao meu redor, é uma caminhada diferente com certeza.
Esse amor foi passado pra mim pelo meu pai, que mesmo morando um tempão em Sao Paulo e por La vivendo bem, não conseguiu ignorar o chamado do sertão em seu coração.
Esse modo de ver a vida e apreciar com paixão e atenção as coisas de nossa natureza vem dele.

Hoje está fazendo um mês, que em uma noite de lua, quando saiu pra caçar, o que era uma de suas grandes paixões, ao subir essa serra, Deus determinou que seria ali sua última parada, ali terminava sua jornada aqui na terra e foi naquele lugar, em cima da serra, iluminado pela lua, que o Senhor o levou para junto dele.

Desde bem pequeno que o ouvimos falar, quase sempre em tom de brincadeira, que se Deus o ouvisse, ele gostaria de morrer caçando em cima de uma serra, no meio do mato, cercado pela natureza.
Tudo era dito em tom de brincadeira, mas existia sim o desejo, e Deus, lá do seu trono, ouvia tudo e como diz sua palavra, Ele realiza o desejo do coração daqueles que o amam.
E Assim meu pai se foi aos 55 anos, seu coração parou..... E deixou pra nos da família mais forte que nunca o amor por Deus e por suas coisas.

.... Caro amigo Paulo, desculpe-me escrever quase outra postagem, aqui abaixo da sua.

Fique com Deus Caro amigo!

Att: Isaac Soares de Medeiros
http://abelhasdosabugi.blogspot.com/

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Meu amigo Isaac,

não tenha dúvidas que chorei ao ler seu comentário,pois como você disse,para nós que nascemos e vivemos no interior do estado,esas pequenas coisas representam muito...

Amigo,a minha história também me fez passar por um momento que foi o mais triste de minha vida:no dia 23/12/2009,meu pai também partiu para sua última viagem,aos 67 anos ele se despediu de mim,de minha mãe e foi cavalgar no céu;pois como era vaqueiro por opção,essa era a sua maior paixão...

Sei o que vc passou e está passando,mas DEUS é a maior fonte de forças,que vc precisa,nele encontrará motivos para voltar a sorrir;sabendo que seu pai estará bem...

Grande abraço.
Paulo Romero.

Vivi... disse...

Oi Paulo!!!

Adorei sua visita e vim correndo conhecer seu cantinho e quão lindo ele é!!! Amei cada palavra e também me emocionei com cada uma delas, pois retratam não só as suas lembranças e as paisagens de sua linda terra mas também o mais profundo de todo ser, a alma!!!
Estarei sempre esperando por suas visitas, as portas do meu cantinho estarão sempre abertas a espera de um amigo e ser tão especial como você!!!

Lindo restinho de semana!!!

Bjs no coração

Vivi