quinta-feira, 17 de junho de 2010

Meliponário urbano.

Eu crio abelhas nativas,à algum tempo,mas por morar distante do cariri(onde está o meu meliponário),eu não acompanho o desenvolvimento das colônias,e isso já me trouxe surpresas desagradáveis...

Por não poder ir sempre ao meliponário,eu já perdi algumas colônias,que poderiam facilmente ter sido salvas,se eu estivesse mas próximos delas...



Por exemplo,após fazer uma transferência,é preciso ficar de olho nos forídeos,que se aproveitam de situações como essa para invadirem a caixa, e se você não estiver atento poderá perdê-la.
Outra atenção especial,precisa ser dada durante os períodos de escassez de alimento,quando deve ser dada uma alimentação complementar,para que a colônia continue forte até a chegada de novas floradas...

Esses motivos,aliados à vontade de aprender mais sobre as abelhas nativas(coisa que só se aprende com dedicação,e observação das abelhas)fez com que eu decidisse trazer algumas caixas,para João Pessoa,cidade onde moro.

Essa transferência de abelhas,vai acontecer já nesse meio de ano,pois,eu vou passar o período junino,lá no meu cariri e ao retornar(no final de junho),pretendo trazer comigo pelo menos duas caixas com as abelhas nativas.

Eu ainda tenho algumas dúvidas de quais espécies trazer,pois sei que a jandaíra e a moça branca se darão bem por aqui,mas no caso da cupira(partamona seridoensis),a coisa é mais complicada,já que não se tem referência delas em outras localidades,que não sejam a nossa caatinga...Mesmo assim,pretendo trazer uma cupira,para poder acompanhar seu desenvolvimento,e aperfeiçoar as técnicas do manejo racional dessa espécie,tão querida,por mim...

Além da cupira,eu pretendo trazer uma jandaíra,mas sei que ela se dará bem por aqui,pois existem pessoas que já criam essa espécie,no litoral nordestino,como em diversas regiões do país.

Minha principal preocupação,em trazer essas abelhas pra cá,é alimentação,já que a maioria das plantas que existem por aqui,são da mata atlântica e de espécies exóticas .

A princípio,eu vou deixar elas em minha casa,e com o acompanhamento de seu desenvolvimento,poderei transferi-las para um outro local,onde existem muitas fruteiras(quase todas as abelhas visitam as flores de árvores frutíferas),além de reforçar a alimentação,até a completa adaptação delas ao novo ambiente...

Se tudo der certo,aos poucos eu pretendo trazer todas as minhas caixas com abelhas nativas,para João Pessoa...Claro que esse processo se dará aos poucos,sem pressa e de acordo com o desenvolvimento,das espécies que já estiverem por aqui...


Boas festas juninas para todos!!

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

sábado, 12 de junho de 2010

Mais um meliponicultor.

-Bom dia,amigo...

-Bom dia,o que manda?
-Eu comprei um terreno,aqui próximo ao de vocês e como sou novo aqui no cariri,gostaria de conhecer os vizinhos,fazer amizade e pedir algumas dicas à respeito de como se obtém renda por aqui,sem devastar a caatinga...
-Você já começou com o pé direito...,pois quer fazer seu sítio produzir,mas não quer destruir a nossa caatinga...,as coisas não são muito fáceis por aqui,mas se você tiver coragem de enfrentar os desafios,verá que essa terra pode ser uma aliada nossa...
-É,desde que conheci essas terras,tenho visto muita destruição,das matas nativas e sei que isso,não é a forma correta de se manejar a terra...
-Muito bem,você quer mexer com quê?
-Rapaz,eu ainda não sei,por isso estou aqui,pra trocar umas ideias,talvez,você me de uma dica...

-Veja bem,se você quer fazer essas terras secas produzirem algo,e ainda preservar as matas nativas que restam,eu sugiro investir na criação de abelhas nativas...
-Certo...,mas me diga uma coisa,isso traz retorno financeiro?
-Com certeza...a criação de abelhas nativas,já é praticada em várias partes do país,principalmente aqui no nordeste...e existem muitos casos de sucesso...é só ter dedicação e cuidado com as abelhas que o retorno vem...
-Então é isso,vou começar uma criação de abelhas nativas...você pode me ajudar na implantação dessa criação...?
-Claro...,pra mim será um prazer,ter mais um criador de abelhas nativas,por essas terras...

-Quais espécies,eu devo criar?
-Você tem que criar as espécies,que são nativas daqui,da caatinga:a jandaíra,mandaçaia,a manduri,a moça branca,a cupira...,pois essas espécies já estão acostumadas com o clima e com as árvores de nossa região...
-Qual é o primeiro passo,para começar a minha criação?
-Primeiro,você tem que ver qual é a sua capacidade de investimento...depois,vamos ver qual espécie criar,mandar fazer as caixas,comprar algumas colônias de criadores da região,...e o mais importante ver se você dar pra coisa...
-Como assim,ver se eu dou pra coisa?

-Vamos ali comigo...
-Essas caixas,são abelhas?Você já cria faz tempo?
-Sim,são abelhas,eu já mexo com elas há algum tempo...mas no meu caso,eu só crio para preservar as espécies,o que me dá muito prazer,...mesmo sem ter nenhum retorno financeiro,pelo contrário,eu tenho gastos com elas...
-Elas não são bravas?
-Pra ser sincero,algumas são valentes,mas não são todas assim,...as cupiras são as mais bravas...já as moça branca e a jandaíra,são mais fáceis de manusear...é claro que elas não têm ferrão,apenas dão umas mordidinhas...coisa besta...
-O que você vai fazer,com essa caixa?
-Eu vou abri-la,para que você veja o comportamento das abelhas e vá se acostumando,pois se você realmente montar seu meliponário,terá que fazer revisões constantes em suas caixas...

-Que espécie é essa?
-Essa é a jandaíra,uma abelha muito boa para criação racional...
-Meu amigo,isso tudo é mel..?
-É,elas estão produzindo bem,por aqui...,nessa parte de baixo,estão os discos de cria...aquela abelha grande ali,é a rainha...
-Que interessante,eu pensava que as crias delas, eram como as das africanizadas,mas são em forma de discos...
-Existem crias em forma de cacho,como aquelas moça branca,ali...quer ver?
-Claro,eu já estou me interessando pelo assunto...
-Realmente,esse assunto é muito apaixonante...
-Pronto vamos abrir a caixa,essas são bem mansinhas,nem sequer beliscam...
-Veja,esses cachos,são as crias...não são lindos?
-Demais...mas, posso provar um pouco desse mel?
-Pode sim,deixe eu pegar essa seringa aqui...pronto,abra a mão...e aí,o que achou?

-Eu achei um mel muito cheiroso,ácido mas muito bom,tem um gosto de planta...é medicinal?
-Sim,como a maioria dos méis das abelhas nativas,esse mel é considerado pelos sertanejos medicinal...
-E aqueles potes de cor diferente...
-Ali está o pólen,armazenado...
-E aquelas pretas ali,que abelhas são?
-Aquelas são as cupiras,mas é melhor não mexer com elas agora,para que você não sai daqui correndo...pois elas mordem bastante,e como nós não trouxemos o chapéu,vamos deixar para outra hora...

-E aí,o que você achou das abelhas?
-Rapaz,eu fiquei impressionado como elas são organizadas e produtivas...
-Vai montar o meliponário?
-Vou sim...,vamos conversar mais sobre os detalhes,pois,tenho muito que aprender...mas se você puder me ajudar,vou começar a organizar as coisas...pelo que você me disse, a criação de abelhas nativas pode ser um bom negócio...
-Sim com certeza,esse é um bom negócio e ecologicamente correto,pois não traz impacto ambiental...e ajuda a manter o homem no campo,com dignidade...

-Agora vou lá,pois já está ficando tarde, e tenho que fazer algumas coisas ainda hoje...mas vou procurá-lo em breve para tratarmos dos detalhes da montagem do meliponário...
-Amigo,pode contar comigo pra o que precisar,afinal esse é um assunto que eu adoro falar,...quanto mais mexo com as abelhas nativas,mas gosto delas...,quando precisar é só vir aqui,que estarei à disposição...

-Obrigado.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB

terça-feira, 8 de junho de 2010

Período de seca,no semiárido nordestino.

-É,meu filho,infelizmente esse ano de 2010,foi um dos piores anos de chuva para nós,e agora não temos mais o que esperar,pois,já estamos em junho,e como sabemos não é mais época de chuvas,por aqui...
-Mas,vovô e como é que nós vamos alimentar,o gado,as cabras...?eles vão morrer de fome...?

-Não...,vamos fazer o que sempre fizemos,eu e seu pai...queimar macambira,xique-xique,palmatória,tirar galhos de mandacaru,tirar ou queimar os espinhos,e dar para o gado...




-Isso,sempre foi feito por aqui,nos anos de seca...sem ter como alimentar os animais,nós saímos para o mato,bem cedo e já começamos a arrancar macambira,...vai dois arrancando e uma pessoa juntando em montes...depois, juntamos alguns matos secos e botamos fogo...as folhas da macambira são queimadas e só resta a “cabeça”...aí,com a ajuda de uma marreta de cabo longo,nós batemos nessa cabeça e ela se parte em pequenas partes,para ficar mais fácil para o gado comê-las...temos que sempre deixar alguns pés de macambira sem arrancar,para que elas voltem a crescer e ocupar toda a área...só assim,teremos uma reserva para anos como esse...




-Mas vovô,me diga uma coisa...esse ano não choveu,por aqui?,porque não fez alimento para os animais?
-Porque as chuvas foram muito irregulares,por exemplo,choveu bem,dois dias seguidos...aí passou um mês sem um pingo de chuva...com o sol quente,as plantas que brotaram,não conseguiram sobreviver...,apenas as árvores grandes se mantiveram verdes,pois já estão adaptadas a esse clima,mas os animais querem as gramíneas,os pequenos brotos mais molezinhos e apetitosos,e eles não resistiram ao sol...

-Sim,e as cabras,o que elas irão comer?
-As cabras,também comem xique-xique...mas,também temos que cortar alguns galhos de juazeiro,galhos e vargens de algaroba,feijão de boi ,jurema preta,aveloz e complementaremos com um pouco de palma...elas são mais resistentes a seca,apenas aqueles animais jovens,ou muito velhos,precisam de uma atenção especial...

-Eu terei que ter uma atenção especial, com as minhas abelhas senão,poderei perder alguma colônia,por falta de alimento;já que algumas plantas da caatinga, não chegaram a florir,devido a estiagem...

-E o que voce bota,pra elas comerem?
-Mel de africanizadas ou um xarope,bem doce,com um complemento...
-Mas,porque você precisa alimentá-las?elas não se viram sozinhas?
-Podem até se virar sim,mas vão ficar muito fracas,aí quando chegar o novo período de chuvas,ela vão demorar para se desenvolverem...e com à alimentação,durante a seca,elas se mantém fortes,e prontas para a chegada do próximo inverno...
-Muito bem,assim como o gado,as suas abelhas também precisam de alimentação extra,para atravessar o período de secas...?
-Sim,senhor...


Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Meu nordeste querido!

Hoje,eu resolvi enveredar por caminhos que eu não domino.Mas
por ser um legítimo caririzeiro,amante da poesia simples,do homem do campo;aquela poesia que nasce na alma do homem sofrido do meu cariri paraibano.

Eu resolvi,mas uma vez,tentar passar para os meus amigos leitores,desse humilde blog,um pouco da minha vida,que vai está sempre ligada ao meu querido,sofrido e amado semiárido.

Espero que gostem e se não gostarem me desculpem...




Outra vez vou fazer uma poesia
Pra falar da minha terra,Deus me guia
Pois pretendo,encontrar sabedoria
Onde sei que só brota matutice
Pois poeta não sou,nunca serei
Mesmo assim ,me arrisco nessa lei
Onde tem bons poetas,isso eu sei
Mas me deixo levar pela tolice

No nordeste,seu doutor é bom demais
Se você quiser,saber de algo mais
Por aqui,tem plantas medicinais
Que o homem do sertão,sabe encontrar
Aprendeu,desde cedo o tratamento
Pra poder acabar o sofrimento
De seu povo,que espera um acalento
Dessa vida,que só sabe machucar

Quando a chuva cai nesse lugar
O caririzeiro,fica alegre à festejar
Pois bem sabe,que só assim ele terá
Alimento para si e para o gado
Ele planta seu roçado,com alegria
E trabalha sol a sol,durante o dia
Mas a noite olha o céu pra ver se via
Um relâmpago,pra ser recompensado

Hoje em dia,só tem terra e tem poeira
De animal,uma cabra,a derradeira
Mesmo assim,tô na luta a vida inteira
Pra um dia,mudar essa história
Tô tentando,ter algo pra mostrar
Pra meu povo,ter em quem se espelhar
E ver que,o difícil é esperar
Se quiser,corra atrás dessa vitória


Quando a seca castiga,a nossa terra
E eu vejo,só mato seco,lá na serra
E de fome,no curral a vaca berra
Fico triste,dá vontade de chorar
Na cacimba,feita no riacho
Só água salobra,é o que eu acho
E as lágrimas vão caindo,rosto abaixo
Porque sei,o que teremos que passar


É bem triste,ver os animais sofrendo
Sem poder amenizar,fico querendo
Encontrar uma solução,que eu entendo
Poderia ser bem mais fácil,por aqui
Se os homens,fossem mais organizados
E tivessem outra visão,dos dos seus estados
Não precisariam,passar por flagelados
Teria outra história,o cariri


A caatinga,é sempre generosa
Pois,nos trata feito uma mãe amorosa
Porque,o que digo em verso e prosa
Posso provar,isso tudo,com certeza
É o homem,que está só maltratando
Essa terra,que está se transformando
Num deserto,aos poucos vai virando
Esse lindo pedaço da natureza


O que digo,não é nada demais
Muitas vezes,o homem é mais voraz
Que a grande maioria dos animais
Que estão só tentando,escapar
Veja bem,pois as coisas são assim
Cada vez mais, se aproxima nosso fim
Se nada for feito,por você,por mim
Que planeta,nossos filhos vão achar?


Mas o homem,continua destruindo
Quase tudo,que encontra perseguindo
Não tem nada,que lhe mude esse destino
Pois,só pensa em destruição
Não se importa em proteger a natureza
E essa é sua maior fraqueza
E por isso,vai continuar na pobreza
Dessa imensa,ganância e ambição


As abelhas do meu belo cariri
Quase todas,já se mudaram dali
Pois o homem está sempre à destruir
As árvores que lhes dão a moradia
Imburana,imbuzeiro,catingueira,
Cumaru,baraúna,craibeira,
O pereiro,e até a quixabeira
Só algumas,resistem hoje em dia


Hoje em dia,se você não fizer a criação
Não encontra essa abelhas ,aqui mais não
Foram embora,se mudaram onde estão?
Com certeza,em algum lugar melhor
Onde o homem sabe,tratar com respeito
O que a natureza,quer que seja feito
Mesmo assim,ainda aparece um sujeito
E nos mostra,que pode ser bem pior


Nessa luta,diária e bem pesada
Vou seguindo,minha sina transformada
Em defesa dessa minha terra amada
Continuo,na luta até o fim
Muitas vezes, a luta parece perdida
Mas foi essa que escolhi,pra minha vida
E encontro forças,pra continuar na lida
Não desisto,pois Deus me fez assim


Aos amigos de luta,aquele abraço
Pois não sou poeta,não sei o que faço
Pra continuar na rima,eu me embaraço
Mas espero,que seja perdoado
Pois a minha intenção,foi muito boa
Navegando,por esses lados sem garoa
E eu me aprofundo,nessa lagoa
Pra tentar obter bom resultado


O cariri é o meu berço e é,meu lar
E é por isso que não desisto de falar
Precisamos,proteger esse lugar
Antes que seja muito tarde
Pra tentar proteger os animais
Muitas vezes,eu tive que andar mais
Do que eu podia ,mas jamais
Vou parar de tentar fazer alarde


Me desculpem,pois,como disse antes,não sou poeta,apenas um amante da poesia,e da natureza nordestina.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João pessoa,PB.