Abelhas sem ferrão, a importância da preservação
Fábia de Mello Pereira
Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte
A criação racional das abelhas da tribo meliponini e da tribo trigonini é denominada de meliponicultura. Conhecidas popularmente como abelhas sem ferrão ou abelhas nativas ou indígenas, essas abelhas possuem ferrão atrofiado, não conseguindo utilizá-lo como forma de defesa. Algumas espécies são pouco agressivas, adaptam-se bem a colméias racionais e ao manejo e produzem um mel saboroso e apreciado.
Além do mel, essas abelhas podem fornecer, para exploração comercial, pólen, cerume, geoprópolis e os próprios enxames. Outras formas de exploração são: educação ambiental, turismo ecológico e paisagismo.
A polinização é outro produto importante fornecido pelos meliponideos. Uma vez que não possuem o ferrão, as abelhas nativas podem ser usadas com segurança na polinização de espécies vegetais cultivadas no ambiente fechado da casa de vegetação. Além disso, algumas culturas, como o pimentão, necessitam que, durante a coleta de alimento, a abelha exerça movimentos vibratórios em cima da flor para liberação do pólen. Esse comportamento vibratório é típico de algumas espécies de abelhas nativas, mas não é observado na abelha africanizada (Apis mellifera), que não consegue ser um agente polinizador eficiente dessas culturas.
No Brasil são conhecidas mais de 400 espécies de abelhas sem ferrão que apresentam grande heterogeneidade na cor, tamanho, forma, hábitos de nidificação e população dos ninhos. Algumas se adaptam ao manejo, outras não. Embora vantajosa, a criação racional dessas abelhas é dificultada pela escassez de informações biológicas e zootécnicas, pois muitas sequer foram identificadas ao nível de espécie.
Devido a essa diversidade, é fundamental realizar pesquisas sobre comportamento e reprodução específicas para cada espécie; adaptar técnicas de manejo e equipamentos; analisar e caracterizar os produtos fornecidos e estudar formas de conservação do mel que, por conter mais umidade do que o mel de Apis mellifera, pode fermentar com mais facilidade.
A alta cotação do preço do mel das abelhas nativas no mercado, que em média varia de R$ 15,00 a 50,00 cada litro, aliada ao baixo investimento inicial e a facilidade em manter essas abelhas próximas das residências, tem estimulado novos criadores a iniciarem nessa atividade.
Entretanto, muitos produtores em busca de enxames para povoarem os meliponários, acabam atuando como verdadeiros predadores, derrubando árvores para retirada das colônias, que, muitas vezes, acabam morrendo devido a falta de cuidado durante o translado e ao manejo inadequado.
Outra causa da morte das colônias é a criação de espécies não adaptadas à sua região natural. É relativamente comum que produtores iniciantes ou experientes das regiões Sul e Sudeste do Brasil queiram criar abelhas nativas adaptadas às regiões Norte e Nordeste, e vice-versa. A falta de adaptação dessas abelhas às condições ambientais da região em que são colocadas acaba por matar as colônias, podendo contribuir para a extinção das mesmas.
A quantidade de colônias nos meliponários também é um fator crucial para preservação das espécies. Várias pesquisas indicam que, quando a espécie criada não ocorre naturalmente na região do meliponário, são necessários pelo menos 40 colônias para garantir uma quantidade de alelos sexuais e evitar que os acasalamentos consangüíneos provoquem a morte das mesmas em 15 gerações.
Embora somente três espécies de abelhas estejam na lista de animais em risco de extinção do Ibama (Exomalopsis (Phanomalopsis) atlantica; Melipona capixaba e Xylocopa (Diaxylocopa) truxali), e dessas somente a Melipona capixaba é social, sabe-se que nas reservas florestais a quantidade de ninhos de abelhas sem ferrão vem se reduzindo ano a ano.
A extinção dessas espécies causará um problema ecológico de enormes proporções, uma vez que as mesmas são responsáveis, dependendo do bioma, pela polinização de 80 a 90% das plantas nativas no Brasil. Assim, o desaparecimento das abelhas causaria a extinção de boa parte da flora brasileira e de toda a fauna que dependa dessas espécies vegetais para alimentação ou nidificação.
Conscientes do problema, o governo brasileiro, por meio do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou no Diário Oficial da União em 17 de agosto de 2004 a RESOLUÇÃO Nº 346 DE 06 DE JULHO DE 2004, que disciplina a utilização de abelhas silvestres nativas, bem como a implementação do meliponário.
Contudo, sabe-se que somente a criação de uma legislação normativa não é suficiente para preservação de espécies da fauna e flora nativa. É necessário, também, um programa informativo visando a capacitação e sensibilização para que os produtores não só sejam conscientizados, mas também sejam capazes de mobilizar e informar aos seus vizinhos sobre o problema. Resta, assim, fazer um apelo não só aos governos nos níveis federais, estaduais e municipais, mas também à sociedade como um todo para que se comece a divulgar os problemas acarretados pela retirada indiscriminada dessas abelhas da mata. A criação dos meliponídeos deve ser realizada com responsabilidade para evitar a extinção das abelhas e, a médio e longo prazo, a extinção da flora e fauna que dependem direta ou indiretamente desse importante agente polinizador.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.
Espaço criado para trocar experiências sobre a criação racional de abelhas nativas. Também falo das coisas do meu "cariri paraibano",como a preservação da caatinga e as belezas de minha terra. Participe,siga o blog e comente,pois com certeza você será muito bem vindo! Obrigado pela visita! Paulo Romero.
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terça-feira, 27 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
A criação de abelhas nativas como opção na geração de renda .
Ricardo Costa Rodrigues de Camargo
Pesquisador da Embrapa Meio-Norte
No Brasil, existem mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, distribuídas por todo o território brasileiro, e em grande parte de toda a faixa tropical e subtropical do planeta. Encontramos meliponídeos nas Américas desde o norte do México até a região central da Argentina.
Sua criação, denominada de meliponicultura, favorece a preservação das plantas nativas, devido à polinização das flores pelas campeiras, abelhas coletoras, além da produção de um mel diferenciado e com características próprias. Ao se movimentarem sobre as flores em busca do pólen, as abelhas promovem a fertilização das plantas, assegurando a sua multiplicação e perpetuação. Seus criadores colhem, indiretamente, os efeitos da polinização: maiores e melhores frutos e sementes, e a produção do mel das colônias, conseqüente desta atividade de coleta.
Além da importância das abelhas nativas na manutenção dos diversos ecossistemas, uma vez que existe um processo evolutivo atrelado e dependente da presença dessas abelhas para a reprodução de diversas espécies vegetais, inúmeras espécies de abelhas sem ferrão existentes no Brasil, apresentam enorme potencial para a produção de mel, como as espécies conhecidas popularmente como tiúba, jandaíra, uruçu, etc.
Apesar do seu potencial produtivo, essas espécies ainda são pouco exploradas comercialmente, considerando seu enorme potencial de criação. Embora a sua capacidade produtiva não possa ser comparada com a produção de mel das abelhas africanizadas, seu mel apresenta maior valor agregado, além da possibilidade de sua criação poder ocorrer próximo das moradias e permitir a participação de todos os membros do módulo familiar, como jovens e mulheres, uma vez que essas abelhas por não apresentarem ferrão, apresentam um grau de periculosidade menor, se comparado com o das abelhas africanizadas.
Os ecossistemas brasileiros possuem muitas características que favorecem a criação das abelhas, como é o caso dos manguezais. Dentre algumas características, podem-se destacar: clima quente; flora rica em espécies fornecedoras de néctar, pólen e resina; floração mais distribuída ao longo do ano e a presença natural de inúmeras espécies de abelhas sem ferrão.
Embora, esse ecossistema apresente inúmeras características favoráveis à criação de abelhas, praticamente não existem estudos que visem à avaliação do seu potencial florístico, como pasto para as abelhas produtoras de mel.
A meliponicultura se enquadra perfeitamente dentro dos conceitos de diversificação e utilização sustentável dos recursos naturais, pois é uma atividade que pode ser integrada ao manejo florestal, plantio de fruteiras e/ou culturas de ciclo curto e, em muitos casos, pode contribuir no aumento da produção agrícola. É uma atividade que necessita de pouco investimento inicial e pode ser desenvolvida em pequenas propriedades rurais, além de permitir que o agricultor ou pescador familiar mantenha suas outras atividades já estabelecidas culturalmente, tendo na nova atividade um complemento de sua renda familiar.
Nas áreas de mangues existentes nas ilhas que formam o único delta em mar aberto das Américas, as populações locais já vêem explorando as abelhas nativas, embora de modo extrativista e predatório.
Por sua natureza palustre, impeditiva da ocupação humana, durante séculos este ambiente permaneceu relativamente preservado. Entretanto, vem sofrendo agressões pela exploração predatória, através de coleta e captura excessiva de caranguejos, moluscos e pescado, da extração da madeira para uso energético, para obtenção de tanino e material de construção, e do desmatamento para o cultivo de arroz e instalação de salinas.
A vegetação de mangue, apesar de se constituir num santuário ecológico, vem sendo dizimada gradativamente. Inicialmente, cedeu parte para a instalação de salinas e, atualmente, vem sendo cortada para instalação de roças de arroz, criação extensiva de gado e para a criação intensiva de camarão. Outra pressão que a vegetação do mangue vem sofrendo está relacionada com a atuação dos chamados "meleiros". As árvores com ninhos de abelhas são cortadas, sendo a parte do tronco onde se encontra o ninho levado para a comunidade, onde o mel será usado na fabricação de remédios e garrafadas, utilizadas para a cura de inúmeras enfermidades. Entretanto, na maioria dos casos, apenas a colônia é saqueada para a retirada do mel. Essa prática predatória apresenta um impacto negativo muito grande no ecossistema, uma vez que pela falta de conhecimentos, para a retirada do mel ou mesmo da colônia, as árvores com abelhas são cortadas, e muitas vezes as próprias abelhas morrem, pois, na ânsia de se coletar o mel, são retirados seus discos de crias, sendo simplesmente eliminados, em um verdadeiro saque predatório.
A prática dos "meleiros" pode causar danos irreversíveis na manutenção de inúmeras espécies, pois, diferentemente das abelhas africanizadas que dispõem de aparato defensivo muito eficiente e forte característica enxameatória, as abelhas sem ferrão se mostram muito mais vulneráveis a essa prática predatória, além de apresentarem uma condição de se recuperar após um saque, muitas vezes inferior ao das abelhas africanizadas.
Como resultado esperado do plano de gestão e diagnóstico sócio-econômico da APA do Delta do Parnaíba, sugere-se no programa: Manejo Sustentável, a implementação de atividades economicamente viáveis e sustentáveis, de geração de emprego e renda. Sendo assim, a exploração racional dos recursos naturais, por meio da prática da meliponicultura, se enquadra nos requisitos exigidos para as atividades exercidas em unidades de conservação como é o caso da Reserva Extrativista, RESEX do Delta do Parnaíba.
Nesse sentido, A Embrapa Meio-Norte por meio do Núcleo de Pesquisas com Abelhas - NUPA vem desenvolvendo um projeto de pesquisa, com o apoio financeiro do Banco do Nordeste, por meio do Fundeci, intitulado "Manejo Sustentável de Abelhas Nativas em Área de Resex no Delta do Parnaíba" visando preencher essa lacuna na geração de informações necessárias para a criação de abelhas nativas em manejo racional e sustentável, visando a disponibilização dessa tecnologia para a comunidade local, principalmente para os catadores de caranguejo, como opção de atividade para a geração de renda e consequentemente para a melhoria de suas condições de vida.
Esse projeto tem como um dos objetivos principais o levantamento da flora visitada por essas abelhas e que serve de base para a produção de mel. A identificação e classificação dessa flora específica, assim como a caracterização de seus tipos polínicos servirão de subsídio, juntamente com a análise físico-química dos méis produzidos ao longo do ano, para a devida caracterização desse mel, como forma de agregar valor ao produto final, que terá sua produção e extração devidamente orientada, conforme os preceitos das boas práticas de higiene alimentar. Além desses aspectos a serem estudados, está sendo conduzida também à avaliação de diferentes modelos racionais de colméias quanto ao desenvolvimento das abelhas e sua produção de mel. O projeto conta com a parceria técnica da Universidade Estadual do Piauí e da Universidade Federal de Pernambuco, além do apoio logístico do IBAMA.
O projeto completou um ano de execução e já conta com diversos meliponários já instalados, com um montante de aproximadamente 100 colméias entre 10 famílias envolvidas na criação dessas abelhas.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.
Pesquisador da Embrapa Meio-Norte
No Brasil, existem mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, distribuídas por todo o território brasileiro, e em grande parte de toda a faixa tropical e subtropical do planeta. Encontramos meliponídeos nas Américas desde o norte do México até a região central da Argentina.
Sua criação, denominada de meliponicultura, favorece a preservação das plantas nativas, devido à polinização das flores pelas campeiras, abelhas coletoras, além da produção de um mel diferenciado e com características próprias. Ao se movimentarem sobre as flores em busca do pólen, as abelhas promovem a fertilização das plantas, assegurando a sua multiplicação e perpetuação. Seus criadores colhem, indiretamente, os efeitos da polinização: maiores e melhores frutos e sementes, e a produção do mel das colônias, conseqüente desta atividade de coleta.
Além da importância das abelhas nativas na manutenção dos diversos ecossistemas, uma vez que existe um processo evolutivo atrelado e dependente da presença dessas abelhas para a reprodução de diversas espécies vegetais, inúmeras espécies de abelhas sem ferrão existentes no Brasil, apresentam enorme potencial para a produção de mel, como as espécies conhecidas popularmente como tiúba, jandaíra, uruçu, etc.
Apesar do seu potencial produtivo, essas espécies ainda são pouco exploradas comercialmente, considerando seu enorme potencial de criação. Embora a sua capacidade produtiva não possa ser comparada com a produção de mel das abelhas africanizadas, seu mel apresenta maior valor agregado, além da possibilidade de sua criação poder ocorrer próximo das moradias e permitir a participação de todos os membros do módulo familiar, como jovens e mulheres, uma vez que essas abelhas por não apresentarem ferrão, apresentam um grau de periculosidade menor, se comparado com o das abelhas africanizadas.
Os ecossistemas brasileiros possuem muitas características que favorecem a criação das abelhas, como é o caso dos manguezais. Dentre algumas características, podem-se destacar: clima quente; flora rica em espécies fornecedoras de néctar, pólen e resina; floração mais distribuída ao longo do ano e a presença natural de inúmeras espécies de abelhas sem ferrão.
Embora, esse ecossistema apresente inúmeras características favoráveis à criação de abelhas, praticamente não existem estudos que visem à avaliação do seu potencial florístico, como pasto para as abelhas produtoras de mel.
A meliponicultura se enquadra perfeitamente dentro dos conceitos de diversificação e utilização sustentável dos recursos naturais, pois é uma atividade que pode ser integrada ao manejo florestal, plantio de fruteiras e/ou culturas de ciclo curto e, em muitos casos, pode contribuir no aumento da produção agrícola. É uma atividade que necessita de pouco investimento inicial e pode ser desenvolvida em pequenas propriedades rurais, além de permitir que o agricultor ou pescador familiar mantenha suas outras atividades já estabelecidas culturalmente, tendo na nova atividade um complemento de sua renda familiar.
Nas áreas de mangues existentes nas ilhas que formam o único delta em mar aberto das Américas, as populações locais já vêem explorando as abelhas nativas, embora de modo extrativista e predatório.
Por sua natureza palustre, impeditiva da ocupação humana, durante séculos este ambiente permaneceu relativamente preservado. Entretanto, vem sofrendo agressões pela exploração predatória, através de coleta e captura excessiva de caranguejos, moluscos e pescado, da extração da madeira para uso energético, para obtenção de tanino e material de construção, e do desmatamento para o cultivo de arroz e instalação de salinas.
A vegetação de mangue, apesar de se constituir num santuário ecológico, vem sendo dizimada gradativamente. Inicialmente, cedeu parte para a instalação de salinas e, atualmente, vem sendo cortada para instalação de roças de arroz, criação extensiva de gado e para a criação intensiva de camarão. Outra pressão que a vegetação do mangue vem sofrendo está relacionada com a atuação dos chamados "meleiros". As árvores com ninhos de abelhas são cortadas, sendo a parte do tronco onde se encontra o ninho levado para a comunidade, onde o mel será usado na fabricação de remédios e garrafadas, utilizadas para a cura de inúmeras enfermidades. Entretanto, na maioria dos casos, apenas a colônia é saqueada para a retirada do mel. Essa prática predatória apresenta um impacto negativo muito grande no ecossistema, uma vez que pela falta de conhecimentos, para a retirada do mel ou mesmo da colônia, as árvores com abelhas são cortadas, e muitas vezes as próprias abelhas morrem, pois, na ânsia de se coletar o mel, são retirados seus discos de crias, sendo simplesmente eliminados, em um verdadeiro saque predatório.
A prática dos "meleiros" pode causar danos irreversíveis na manutenção de inúmeras espécies, pois, diferentemente das abelhas africanizadas que dispõem de aparato defensivo muito eficiente e forte característica enxameatória, as abelhas sem ferrão se mostram muito mais vulneráveis a essa prática predatória, além de apresentarem uma condição de se recuperar após um saque, muitas vezes inferior ao das abelhas africanizadas.
Como resultado esperado do plano de gestão e diagnóstico sócio-econômico da APA do Delta do Parnaíba, sugere-se no programa: Manejo Sustentável, a implementação de atividades economicamente viáveis e sustentáveis, de geração de emprego e renda. Sendo assim, a exploração racional dos recursos naturais, por meio da prática da meliponicultura, se enquadra nos requisitos exigidos para as atividades exercidas em unidades de conservação como é o caso da Reserva Extrativista, RESEX do Delta do Parnaíba.
Nesse sentido, A Embrapa Meio-Norte por meio do Núcleo de Pesquisas com Abelhas - NUPA vem desenvolvendo um projeto de pesquisa, com o apoio financeiro do Banco do Nordeste, por meio do Fundeci, intitulado "Manejo Sustentável de Abelhas Nativas em Área de Resex no Delta do Parnaíba" visando preencher essa lacuna na geração de informações necessárias para a criação de abelhas nativas em manejo racional e sustentável, visando a disponibilização dessa tecnologia para a comunidade local, principalmente para os catadores de caranguejo, como opção de atividade para a geração de renda e consequentemente para a melhoria de suas condições de vida.
Esse projeto tem como um dos objetivos principais o levantamento da flora visitada por essas abelhas e que serve de base para a produção de mel. A identificação e classificação dessa flora específica, assim como a caracterização de seus tipos polínicos servirão de subsídio, juntamente com a análise físico-química dos méis produzidos ao longo do ano, para a devida caracterização desse mel, como forma de agregar valor ao produto final, que terá sua produção e extração devidamente orientada, conforme os preceitos das boas práticas de higiene alimentar. Além desses aspectos a serem estudados, está sendo conduzida também à avaliação de diferentes modelos racionais de colméias quanto ao desenvolvimento das abelhas e sua produção de mel. O projeto conta com a parceria técnica da Universidade Estadual do Piauí e da Universidade Federal de Pernambuco, além do apoio logístico do IBAMA.
O projeto completou um ano de execução e já conta com diversos meliponários já instalados, com um montante de aproximadamente 100 colméias entre 10 famílias envolvidas na criação dessas abelhas.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Pesquisas apícolas.
Pesquisas apícolas em andamento na Embrapa Meio Norte - Teresina - PI
Ricardo Costa Rodrigues de Camargo
Pesquisador da Embrapa Meio-Norte
O Brasil apresenta condições extremamente favoráveis para a criação de abelhas, dispondo de clima adequado, floradas nativas com grande potencial para a produção de mel, pólen, própolis e geléia real, abelhas adaptadas às nossas condições, tolerantes às principais doenças apícolas e altamente produtivas. Essas condições nos permitem criar abelhas sem a aplicação de medicamentos veterinários e em áreas livres de agrotóxicos propiciando uma produção limpa e disponibilizando aos consumidores produtos de alta qualidade e pureza.
A atividade apícola no Brasil vem crescendo a passos largos nos últimos anos, principalmente na região Nordeste, impactando positivamente as economias locais. Atualmente, a região se destaca no cenário nacional pelo seu volume de produção, desenvolvimento tecnológico e de infra-estrutura, programas de organização e capacitação de apicultores. Entretanto, mesmo com esse diferencial único ainda pouco explorado no país, existem muitos gargalos tecnológicos e não tecnológicos a serem eliminados, que impedem que o Brasil se torne um dos maiores produtores de mel e de outros produtos das abelhas.
A apicultura tem se consolidado como uma das atividades mais importantes do ponto de vista econômico, social e ambiental, por empregar mão-de-obra familiar e proporcionar geração de fluxo de renda, reduzindo a dependência dos produtos agrícolas de subsistência e favorecendo a fixação do homem no campo. Além disso, por depender dos recursos naturais, favorece a preservação da flora nativa, garantindo, também, a preservação de espécies animais dependentes desta flora. Estes fatores têm contribuído para o crescimento da atividade, como pode ser verificado no Piauí, onde, aproximadamente, 15.000 famílias estão envolvidas direta ou indiretamente na atividade com um crescimento na ordem de 9% ao ano, ou seja, cerca de 700 famílias.
Em virtude da importância da atividade, não só na região Nordeste como em grande parte dos Estados brasileiros, a Embrapa Meio-Norte tem envidado esforços para a realização de ações de pesquisa e desenvolvimento visando dar suporte à cadeia produtiva apícola, buscando o aumento da produtividade, aliada à melhoria da qualidade dos produtos da colméia.
Nesse sentido, no período de 2001/2002, a Unidade iniciou a formação do Núcleo de Pesquisas com Abelhas - NUPA, visando dotar a instituição de infra-estrutura física e pessoal qualificado em pesquisa e desenvolvimento, capazes de gerar, adaptar e transferir conhecimentos que permitam o desenvolvimento sustentável destas atividades. Para isso, foram realizadas contratações de pesquisadores e técnicos especializados, que atualmente estão envolvidos na elaboração e execução de projetos de P&D, abordando diferentes linhas de pesquisa da Apicultura e Meliponicultura, além de atuarem em parceria com outras instituições ligadas à atividade em projetos de capacitação e transferência de tecnologias, como no caso da Federação das Entidades Apícolas do Piauí - FEAPI, IBAMA, universidades, ONGs, Sebrae, etc.
Em relação à estrutura física e tecnológica do Núcleo, a existência de apiários e meliponários experimentais instalados em diversos ecossistemas do Piauí (cerrado, caatinga, área de transição, manguezal), aliado a estrutura laboratorial permitem que o grupo realize ações de pesquisa abrangendo os temas: alimentação de abelhas, qualidade do mel, instalação e manejo de apiários, flora apícola, apicultura orgânica e meliponicultura. Além disso, tem atendido ao setor produtivo, pela prestação de serviços laboratoriais com a realização de análises de mel exigidas pela legislação vigente e pelos mercados consumidores.
Ressalta-se ainda que a estruturação do Núcleo tem contribuído para a formação de profissionais para atuarem no setor apícola, por meio da orientação de estagiários e bolsistas de nível médio e superior.
A atuação do NUPA também envolve a participação de membros da equipe em comissões externas ligadas ao Arranjo Produtivo da Apicultura, como é o caso das Câmaras Setoriais (estadual e nacional) e de normalização.
Sendo assim, a Embrapa Meio-Norte, por meio da atuação do NUPA, vem se empenhando no desenvolvimento do agronegócio apícola e da meliponicultura, na certeza de que a criação sustentável de abelhas pode contribuir para a geração de renda para os agricultores familiares, fixando o homem no meio-rural, para preservação ambiental, por meio dos serviços de polinização prestados e na manutenção das áreas de vegetação nativa e das abelhas.
Temas de Atuação do NUPA
Apicultura, meliponicultura e interação das abelhas com o meio ambiente e a produção agrícola.
Focos de ação
Atualmente, encontra-se em fase de implantação e/ou condução, projetos e ações nas seguintes linhas de pesquisa:
*Alimentação de abelhas:identificar alimentos alternativos regionais para a manutenção dos enxames em determinados períodos como na entressafra, nos períodos de pré-floradas, no manejo para polinização, etc.
*Manejo de colméias: buscar soluções para problemas relacionados à produtividade e qualidade do mel, migração de enxames, sanidade das abelhas etc.;
*Qualidade do mel: estabelecer um perfil das características específicas dos diferentes tipos de mel da região (sensorial, físico-químico), além de resolver os principais gargalos, quanto à produção e ao processamento, visando à manutenção da qualidade do produto final;
*Flora apícola: identificar as plantas melíferas da região, executando análises polínicas e melissopalinológicas, atualizando a palinoteca já existente e colaborando para a identificação botânica dos méis produzidos na região.
*Apicultura orgânica: apoiar a certificação orgânica na região, auxiliando os produtores nos processos necessários para a certificação orgânica, instalando apiários orgânicos e desenvolvendo tecnologias adaptadas às condições específicas da região e que se adéqüem às diretrizes internacionais para a certificação orgânica.
*Meliponicultura: levantamento da flora de interesse para a Meliponicultura e das espécies de abelhas da região com maior potencial para produção de mel e polinização e avaliação de modelos racionais de colméias e de técnicas de manejo e extração de mel.
*Polinização: identificar as espécies de abelhas que sejam polinizadores efetivos das principais culturas agrícolas da região e elaborar planos de manejo para a sua polinização dirigida.
Objetivo Geral
Contribuir para o desenvolvimento sustentável da Apicultura e da Meliponicultura por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, estando permanentemente articulado, em forma de parceria, com outras instituições de pesquisa e desenvolvimento ligados a essa área em todo o Brasil.
Objetivos Específicos:
Realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento em Apicultura e Meliponicultura;
*Desenvolver tecnologias que aperfeiçoem os processos de produção e beneficiamento dos produtos das abelhas.
*Prestar serviços laboratoriais para análise de mel e subprodutos da Apicultura e Meliponicultura, visando contribuir para a melhoria de qualidade;
*Desenvolver estudos sobre cadeias produtivas dos produtos das abelhas.
*Colaborar com as universidades do Meio-Norte e de outras regiões, na formação de profissionais para atuarem na Apicultura e Meliponicultura;
*Treinar profissionais de assistência técnica e extensão rural, para a transferência de tecnologias junto a produtores;
*Assessorar o setor público e privado, na elaboração de políticas, planos, programas e projetos, para o desenvolvimento da Apicultura e Meliponicultura.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB
Ricardo Costa Rodrigues de Camargo
Pesquisador da Embrapa Meio-Norte
O Brasil apresenta condições extremamente favoráveis para a criação de abelhas, dispondo de clima adequado, floradas nativas com grande potencial para a produção de mel, pólen, própolis e geléia real, abelhas adaptadas às nossas condições, tolerantes às principais doenças apícolas e altamente produtivas. Essas condições nos permitem criar abelhas sem a aplicação de medicamentos veterinários e em áreas livres de agrotóxicos propiciando uma produção limpa e disponibilizando aos consumidores produtos de alta qualidade e pureza.
A atividade apícola no Brasil vem crescendo a passos largos nos últimos anos, principalmente na região Nordeste, impactando positivamente as economias locais. Atualmente, a região se destaca no cenário nacional pelo seu volume de produção, desenvolvimento tecnológico e de infra-estrutura, programas de organização e capacitação de apicultores. Entretanto, mesmo com esse diferencial único ainda pouco explorado no país, existem muitos gargalos tecnológicos e não tecnológicos a serem eliminados, que impedem que o Brasil se torne um dos maiores produtores de mel e de outros produtos das abelhas.
A apicultura tem se consolidado como uma das atividades mais importantes do ponto de vista econômico, social e ambiental, por empregar mão-de-obra familiar e proporcionar geração de fluxo de renda, reduzindo a dependência dos produtos agrícolas de subsistência e favorecendo a fixação do homem no campo. Além disso, por depender dos recursos naturais, favorece a preservação da flora nativa, garantindo, também, a preservação de espécies animais dependentes desta flora. Estes fatores têm contribuído para o crescimento da atividade, como pode ser verificado no Piauí, onde, aproximadamente, 15.000 famílias estão envolvidas direta ou indiretamente na atividade com um crescimento na ordem de 9% ao ano, ou seja, cerca de 700 famílias.
Em virtude da importância da atividade, não só na região Nordeste como em grande parte dos Estados brasileiros, a Embrapa Meio-Norte tem envidado esforços para a realização de ações de pesquisa e desenvolvimento visando dar suporte à cadeia produtiva apícola, buscando o aumento da produtividade, aliada à melhoria da qualidade dos produtos da colméia.
Nesse sentido, no período de 2001/2002, a Unidade iniciou a formação do Núcleo de Pesquisas com Abelhas - NUPA, visando dotar a instituição de infra-estrutura física e pessoal qualificado em pesquisa e desenvolvimento, capazes de gerar, adaptar e transferir conhecimentos que permitam o desenvolvimento sustentável destas atividades. Para isso, foram realizadas contratações de pesquisadores e técnicos especializados, que atualmente estão envolvidos na elaboração e execução de projetos de P&D, abordando diferentes linhas de pesquisa da Apicultura e Meliponicultura, além de atuarem em parceria com outras instituições ligadas à atividade em projetos de capacitação e transferência de tecnologias, como no caso da Federação das Entidades Apícolas do Piauí - FEAPI, IBAMA, universidades, ONGs, Sebrae, etc.
Em relação à estrutura física e tecnológica do Núcleo, a existência de apiários e meliponários experimentais instalados em diversos ecossistemas do Piauí (cerrado, caatinga, área de transição, manguezal), aliado a estrutura laboratorial permitem que o grupo realize ações de pesquisa abrangendo os temas: alimentação de abelhas, qualidade do mel, instalação e manejo de apiários, flora apícola, apicultura orgânica e meliponicultura. Além disso, tem atendido ao setor produtivo, pela prestação de serviços laboratoriais com a realização de análises de mel exigidas pela legislação vigente e pelos mercados consumidores.
Ressalta-se ainda que a estruturação do Núcleo tem contribuído para a formação de profissionais para atuarem no setor apícola, por meio da orientação de estagiários e bolsistas de nível médio e superior.
A atuação do NUPA também envolve a participação de membros da equipe em comissões externas ligadas ao Arranjo Produtivo da Apicultura, como é o caso das Câmaras Setoriais (estadual e nacional) e de normalização.
Sendo assim, a Embrapa Meio-Norte, por meio da atuação do NUPA, vem se empenhando no desenvolvimento do agronegócio apícola e da meliponicultura, na certeza de que a criação sustentável de abelhas pode contribuir para a geração de renda para os agricultores familiares, fixando o homem no meio-rural, para preservação ambiental, por meio dos serviços de polinização prestados e na manutenção das áreas de vegetação nativa e das abelhas.
Temas de Atuação do NUPA
Apicultura, meliponicultura e interação das abelhas com o meio ambiente e a produção agrícola.
Focos de ação
Atualmente, encontra-se em fase de implantação e/ou condução, projetos e ações nas seguintes linhas de pesquisa:
*Alimentação de abelhas:identificar alimentos alternativos regionais para a manutenção dos enxames em determinados períodos como na entressafra, nos períodos de pré-floradas, no manejo para polinização, etc.
*Manejo de colméias: buscar soluções para problemas relacionados à produtividade e qualidade do mel, migração de enxames, sanidade das abelhas etc.;
*Qualidade do mel: estabelecer um perfil das características específicas dos diferentes tipos de mel da região (sensorial, físico-químico), além de resolver os principais gargalos, quanto à produção e ao processamento, visando à manutenção da qualidade do produto final;
*Flora apícola: identificar as plantas melíferas da região, executando análises polínicas e melissopalinológicas, atualizando a palinoteca já existente e colaborando para a identificação botânica dos méis produzidos na região.
*Apicultura orgânica: apoiar a certificação orgânica na região, auxiliando os produtores nos processos necessários para a certificação orgânica, instalando apiários orgânicos e desenvolvendo tecnologias adaptadas às condições específicas da região e que se adéqüem às diretrizes internacionais para a certificação orgânica.
*Meliponicultura: levantamento da flora de interesse para a Meliponicultura e das espécies de abelhas da região com maior potencial para produção de mel e polinização e avaliação de modelos racionais de colméias e de técnicas de manejo e extração de mel.
*Polinização: identificar as espécies de abelhas que sejam polinizadores efetivos das principais culturas agrícolas da região e elaborar planos de manejo para a sua polinização dirigida.
Objetivo Geral
Contribuir para o desenvolvimento sustentável da Apicultura e da Meliponicultura por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, estando permanentemente articulado, em forma de parceria, com outras instituições de pesquisa e desenvolvimento ligados a essa área em todo o Brasil.
Objetivos Específicos:
Realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento em Apicultura e Meliponicultura;
*Desenvolver tecnologias que aperfeiçoem os processos de produção e beneficiamento dos produtos das abelhas.
*Prestar serviços laboratoriais para análise de mel e subprodutos da Apicultura e Meliponicultura, visando contribuir para a melhoria de qualidade;
*Desenvolver estudos sobre cadeias produtivas dos produtos das abelhas.
*Colaborar com as universidades do Meio-Norte e de outras regiões, na formação de profissionais para atuarem na Apicultura e Meliponicultura;
*Treinar profissionais de assistência técnica e extensão rural, para a transferência de tecnologias junto a produtores;
*Assessorar o setor público e privado, na elaboração de políticas, planos, programas e projetos, para o desenvolvimento da Apicultura e Meliponicultura.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB
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