domingo, 30 de outubro de 2011

A imburana de cambão.


Amigos!

Ultimamente,tenho recebido alguns emails,com dúvidas sobre algumas abelhas nativas,e também com relação à algumas plantas nativas do nordeste brasileiro e que são indispensáveis para as abelhas,e para toda a caatinga.



Em um desses emails,um amigo me perguntava sobre a imburana de cambão ou imburana de espinhos,pois não conhecia essa planta pessoalmente,só a conhecia através da internet.
Então,diante dessas dúvidas e da importância de se plantar árvores nativas,por todo esse país,eu resolvi fazer uma postagem,sobre a imburana.



Dentre as árvores da caatinga,com maior importância para as abelhas nativas e africanizadas,a imburana de cambão,ou imburana de espinhos(Bursera Leptophloeos) se destaca,por ser a espécie mais procurada e utilizada para nidificação,da maioria das espécies de abelhas(digo maioria,pois a Cupira,utiliza o cupinzeiro para nidificar),as outras duas espécies de plantas nativas mais procuradas são,o imbuzeiro e a catingueira.


As abelhas,também utilizam muito a resina da imburana,misturada com cera(cerume),para vedação e organização interna da colônia.



Por ser a mais utilizadas pelas abelhas,para fazer seus ninhos,a imburana passa por um momento preocupante,pois os meleiros,derrubam uma árvore centenária,apenas para ter acesso ao mel,e esse gesto tem diminuído de forma drástica o número de árvores velhas(as que têm ocos,e servem para as abelhas nidificarem)e está cada vez mais difícil ver uma grande imburana,sem ao menos uma cicatriz,causada pelo machado.

                  Tronco de imburana,com uma cicatriz,causada pelo machado dos meleiros.


A imburana tem uma altura média de 5 metros,tem uma madeira bem leve e mole(quando seca),e por essa característica é muito utilizada para artesanato.



Como a maioria das árvores da caatinga,perde suas folhas na época da estiagem.



É uma árvore fácil de multiplicar,pois suas estacas enraízam com facilidade,o que ajuda nos processos de reflorestamentos em áreas de caatinga.



Para serem plantadas,basta cortar algumas estacas(galhos de diferentes diâmetros)e deixá-los em pé,encostados em uma cerca,por exemplo,pois, após algum tempo,as estacas começarão a enraizar e brotarão novos galhos.A partir desse ponto,você deve fazer covas, e colocar uma estaca por cova,coloque a terra em volta da estaca,para lhe dar sustentação e a natureza se encarregará do resto.

Essa técnica é muito vantajosa,pois se você plantar uma imburana a partir da semente,ela demorará muito para se tornar uma árvore adulta,e na maioria das vezes,os animais "comem",a pequena muda.Enquanto que as mudas feitas a partir das estacas,terão um desenvolvimento bem mais rápido e, devido a sua altura,os animais não conseguem alcançar os galhos mais altos,o que garante a sobrevivência da nova árvore.


Estacas de imburana,(apenas em pé)já enraizadas,com novos galhos e prontas para o plantio.


OBS.:Muitas pessoas plantam os galhos,direto,não os deixam ficar por algum tempo em pé como eu faço,é apenas uma questão pessoal.



Era costume no interior do nordeste brasileiro,se construir cercas vivas utilizando estacas de imburana,mas com a modernidade e o uso do arame farpado,essa prática caiu em desuso,infelizmente.



As árvores que tiveram seus galhos cortados(podados),não sofrem nenhum dano,portanto na existe nenhuma agressão à natureza durante esse processo;pelo contrário,se esse costume virasse“moda”a imburana e mais algumas plantas da nossa caatinga,teriam a chance de permanecerem vivas.

                     Bonsai de imburana.


Quem cria abelhas nativas,deve ter sempre em mente,que a sua atividade depende diretamente da existências das plantas,e ele tem que fazer a sua parte,para diminuir o impacto causado pelas constantes derrubadas das árvores nativas,por todo o nosso país.

Portanto,plantem árvores nativas e levem beleza,proteção e amor para todo o seu mundo.


Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.


8 comentários:

Anônimo disse...

Olá amigo. Realmente a Imburana é muito importante para as ASF, e devido mesmo às condições favoráveis que as ASF encontram em tal planta. E aproveito para fazer um comentário em relação ao post anterior.
Eu sou otimista com relação ao futuro da meliponicultura. Pois, temos que levar em consideração que hoje é possível - mesmo que somente com uma pequena parcela do universo de meliponicultores tendo acesso à Internet -, um intercâmbio maior entre os que guardam em comum o desenvolvimento de uma atividade que pode ser artesanal, preservacionista, com vistas ao mercado, ou apenas um hobby de final de semana. Também temos que levar em consideração as conquistas no campo de uma legislação específica que salvaguarda a atividade, mesmo que ainda restrita a determinadas áreas e parâmetros. Tenho certeza que através de blogs como o seu, e de muitos que no dia a dia surgem no horizonte, a meliponicultura se tornará cada vez mais conhecida e essas indagações pessoais que o amigo está a colocar, passarão a não existir no futuro. Afinal, nessas visitas informais entre blogueiros e nesses pequenos debates como os que o amigo está a promover, com certeza acende-se um entusiasmo tanto por quem já adentrou nessa atividade, quanto a quem, porventura, esteja iniciando. Um abraço. Fco Mello

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Meu amigo Francisco,
te agradeço por sempre contribuir com esse debate,dando sua opinião,sempre pertinente e ajudando a encontrar respostas para as perguntas,que surgem...

Abraço.
Paulo Braz.

Anônimo disse...

Valeu demais! Não sabia que a imburana dava por estaca. Tenho mudinhas miudinhas dela plantadas da semente no meu terreno. Mas elas são lentas nessa fase da vida. A muda maior tem cinco anos e nem 20cm de altura. Obrigadíssimo pela dica! Ricardo

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Amigo Ricardo,
veja bem a imburana que eu falei nessa postagem,não é a imburana de cheiro(cumaru).No caso da imburana de cambão,ela é ótima para ser propagada por estacas.

Abraço.
paulo Braz.

Andrey Cardoso disse...

Bela iniciativa Paulo. Que tal propormos ao grupo abena a criação de um banco de sementes e mudas? Eu por exemplo tenho acesso somente a imburana de cheiro, presente em grande quantidade na divisa do estado de MG com BA. Tenho interesse na imburana de cambão e tb na catingueira pois estou melhorando a área de reserva de minha propriedade rural plantado várias espécies de plantas nativas ou não desde que sejam interessantes para a meliponicultura. Acredito que se continuarmos assim, em breve teremos ajudado de forma satisfatória o meio ambiente além de disseminar conhecimento e incentivar outras pessoas a colaborarem de alguma forma.

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Amigo Andrey,

agradeço o seu comentário.
Realamente nós meliponicultores,apaixonados pelas ASF,temos que ter o máximo interesse em plantar,replantar e disseminar as plantas nativas,para ajudar as abelhas e a natureza como um todo.

Abraço.
Paulo Braz.

Hóstio Braz disse...

Meu irmão seu blog está ótimo vamos em frente e não olhes para traz, vc é meu fã de seu irmão Hóstio Braz...

Unknown disse...

Bom dia, Paulo Romero
Procuro espécies meliferas para reflorestamento e uma das mais cobiçadas é a imburana de cambão. O problema tem sido conseguir sementes, mudas ou mesmo estacas. Aqui no estado do Rio de Janeiro é bastante difícil. Gostaria de informações que me levasse a um fornecedor. Ficarei grato por isso.
Att.
Edson Barreto
Niterói - RJ