domingo, 9 de outubro de 2011

Repensando a meliponicultura II.


E a discussão continua.

Afinal,as abelhas nativas não podem ou não devem ser criadas em regiões,onde imagina-se que elas não sejam nativas??Como teremos a certeza se algum dia,elas não viveram ali??

Como,esse assunto não é sequer discutido pelos órgãos fiscalizadores/regulamentadores,pois pra eles isso seria um CRIME;nós simples meliponicultores,e acima de tudo amantes e defensores das abelhas nativas,vamos tentando chegar à uma conclusão,mesmo sabendo que sempre haverão pontos que discordância.

Vejam bem,em minha região(semiárido nordestino),especificamente em sítios vizinhos,a abelha manduri/rajada(melípona asilvai)já não é mais encontrada,pois os meleiros(pessoas que vivem da venda do mel retirado da natureza,sem nenhum manejo)e o processo de degradação da caatinga,(inclusive com o apoio de instituições públicas),pois facilmente se encontra,áreas de caatinga sendo desmatadas,com o financiamento do BNB(Banco do Nordeste do Brasil),afim de  serem feitos plantios de palma forrageira e capim búffel;esse "costume"fez com que essa adorável abelha fosse extinta,de algumas localidades,onde antes,elas existiam naturalmente.

Pergunto:será que algum órgão governamental,está fazendo algo para mudar essa realidade??A resposta é triste,dura,mais verídica,NÃO.”Eles”,sequer conhecem essa abelha,quanto mais fazer algo para trazê-la de volta e cuidar,para que se mantenha nessa região.

Enquanto isso,”seu Zé”,que sempre viveu ali e conhece  os segredos dessa e de muitas abelhas nativas da região,(pois,desde menino,aprendeu com seu pai a cuidar da caatinga e das abelhas)conseguiu comprar,de uma cerâmica,um tronco de catingueira,com uma colônia dessas abelhas,e mesmo morando,em outra região do país,conseguiu reproduzi-la,e está a cada dia,aumentando o número de colônias;tendo apenas  um intuito,um pensamento:reintroduzir essa espécie, aquele local onde foram extintas;afim de vê-las nidificando nos troncos das catingueiras,dos pereiros,das imburanas.

Se não fosse seu trabalho solitário,e seu amor pela caatinga e pelas abelhas nativas,as manduris não voltariam para essa região,pois enquanto “seu Zé”,se preocupa com a preservação das abelhas nativas,e vive essa realidade;alguns DOUTORES,estão apenas interessados em criar dificuldades,burocracia e tentando criminalizar gestos como esse seu;que muitas vezes são a última oportunidade de se salvar essas espécies .

Mesmo,sem saber que era “CRIME”,”seu “Zé”,reproduziu,cuidou,aprendeu segredos e salvou essa abelhinha da extinção,pois,mesmo morando hoje em um estado brasileiro,onde essa abelha não é nativa;fez um esforço solitário para devolver as manduris ao sertão.

A discussão continua;mais tenho certeza que,se não fosse esse gesto de amor e dedicação às abelhas nativas;as crianças do sertão,só iriam conhecer essa abelha,por fotos ou através das histórias dos mais velhos.



Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá de novo amigo. Essa questão é realmente abrangente. Mas, esquecendo até aquela questão no post anterior que vc colocou, que criadores "autodidatas" de abelhas, ou pessoas que criam abelhas na prática, seja pelo interesse na criação das mesmas, seja porque é uma atividade passada de pai para filho, conseguem, até mesmo na criação de uma abelha de uma outra região, um maior desenvolvimento das colônias que os "estudiosos", ou os pesquisadores das Universidades não conseguem, e essa constatação que vc colocou eu não conhecia. Mas, independente se a criação de uma espécie de uma outra região foi feita por um "leigo", ou por um pesquisador, acho que o cerne continua sendo a viabilidade de uma espécie de ASF ser criada em um outro ambiente totalmente diferente do seu de origem. E para fazer esse comentário eu teria que levar em consideração o que já li a respeito, principalmente no tempo que eu pesquisava mais profundamente as ASF, e isso já faz uns 15 anos. E para isso será necessário um outro comentário mais abrangente, e realmente, apesar do debate ser interessante e o amigo aparentemente proporcionar e estimular esse debate, fico sem jeito de discorrer tanto assim, com tantas linhas, em um comentário. Mas, a questão é interessante e de repente, se for o caso, posso lhe enviar via e-mail a minha opinião ou o meu ponto de vista sobre a questão da viabilidade na criação de uma espécie de ASF em um outro ecossistema diferente do seu de origem, citando até mesmo o problema da consaguinidade que seria a grande preocupação com espécies isoladas, ou longe de seu lugar de origem. Um abraço. Fco Mello

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Amigo Francisco,obrigado pelos comentários sempre bem vindos...

O amigo pode ficar à vontade para expressar seu ponto de vista,afinal será assim,que poderemos chegar ao que realmete queremos:o fortalecimento da meliponicultura.
Se desejar,pode me enviar um email,com sua opinião,eu terei o maior prazer em publicá-lo como postagem...

Abraço.
paulo Romero.

Anônimo disse...

OK Amigo. Também acho que esse intercâmbio entre meliponicultores é benéfico não somente para os meliponicultores em si, mas, para a meliponicultura de uma forma geral. Assim que me sobrar um tempinho, será um prazer digitar um ponto de vista sobre essa questão interessante que o amigo postou, e vou mandar por e-mail assim que possível. Um abraço. Fco Mello

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Será um prazer,receber seu email.
Abraço.
Paulo Romero.